dinha no CBCS (Foto: Divulgação/CBCS)

Superação: dinha diz que classificação para Dallas deu sentido à vida

Jogadora conquistou vaga em torneio internacional depois de pausa na carreira por problemas psicológicos

A trajetória de Amanda "dinha" Gomez no CS:GO parece uma história de filme. Apaixonada pelo CS desde pequena, começou a competir ainda jovem, disputou torneios internacionais na Polônia e na França, mas precisou interromper a carreira por conta de problemas psicológicos. Pouco mais de um ano depois, ela retorna ao competitivo e novamente se classifica para um mundial.

Esse roteiro, que pode parecer clichê, não teve uma atriz para interpretá-lo. Dinha viveu essa trajetória de altos e baixos na pele, e a classificação para o presencial da ESL Impact League mostrou para a jogadora que cada take da sua vida agora faz sentido.

"Foi muito difícil eu entender que precisava parar. Eu tive crises no meio do treino, durante campeonatos, precisava pausar a partida. Foi aí que eu percebi que não tinha como continuar. Eu tinha medo de parar e não ter mais oportunidade no CS porque eu já estava velha ou porque os times não iriam me querer por saberem que tenho problemas psicológicos, mas eu já não estava aguentando mais", desabafou dinha em entrevista à Dust2 Brasil.

Em lágrimas, dinha lembra que suas sessões no psiquiatra tinham um assunto recorrente: o CS:GO. Nos primeiros meses de tratamento com remédios e consultas, a jogadora se sentia mal ao assistir ou jogar o FPS da Valve pois suas inseguranças voltavam à tona. Ainda assim, o objetivo de dinha era ficar bem para voltar a competir no jogo.

"Eu pensava "vou dar meu tempo até conseguir jogar CS" e, depois de cerca de cinco meses, consegui voltar a assistir os campeonatos masculinos porque não conseguia assistir o feminino ainda. Eu fui melhorando, e por volta de julho do ano passado voltei a acompanhar os jogos das meninas".

"Voltar ao CS era o meu objetivo desde o começo, mas eu precisava aceitar o tempo e o tratamento. Assim que consegui isso, botei na minha cabeça que independente de quantos meses demorasse, quando eu me sentisse bem pra jogar eu iria, mesmo se fosse só com FAKE, com algumas amigas. Eu sabia que, quando eu não conseguia ver CS era porque eu não estava bem, porque é o jogo que eu amo e é sempre o que quis fazer da minha vida. É o meu sonho", continuou.

Afastada do competitivo desde novembro de 2020, dinha anunciou em dezembro do ano passado que iria retornar ao CS:GO. Durante esse período distante do cenário, ela pôde reafirmar seu amor pelo jogo e ter a certeza que queria voltar a competir, mesmo fora de meta e fora de ritmo.

Pouco confiante que uma grande equipe fosse querer contratá-la, dinha foi surpreendida ao receber o convite para ser a complete da Black Dragons - organização pela qual já tinha atuado entre 2019, quando a BD entrou no cenário feminino, até sua pausa na carreira.

"Eu sempre falava que se fosse para voltar para um time, seria para a BD. Conheço a organização, a metodologia e as diretrizes deles, sempre nos trataram muito bem. Eu fiquei muito triste pela poppins porque sei como é estar vivendo seu sonho e ter algum empecilho, um motivo externo. Quando eu recebi a proposta para substituí-la, eu só conseguia chorar. Eu me senti realizada de novo", declarou.

Com 15 anos, Nadjila "poppins" Sanchez precisou ser substituída porque o regulamento da ESL exige que as jogadoras tenham, no mínimo, 16 anos. Portanto, ela não poderia disputar a seletiva que classificava para o torneio internacional.

Dinha não pensou duas vezes em aceitar a oportunidade. No entanto, a volta aos treinos e às partidas oficiais não têm sido fáceis.

"Eu sofri bastante porque não tive tempo de adaptação, já entrei jogando os campeonatos. Mas o Darkspy, o coach, tem me ajudado bastante para corrigir esses erros que eu não cometia normalmente. A nani, julih, yung e a Lara (goddess) também estão sendo essenciais porque são pacientes comigo e me incentivam a retomar confiança no meu jogo".

Mesmo sem estar 100%, dinha ajudou o quinteto da Black Dragons a se classificar para a ESL Impact League Finals, que acontecerá em Dallas, nos Estados Unidos, entre os dias 3 e 5 de junho. A jogadora lembrou os momentos finais da partida decisiva contra o MIBR, disputada no último domingo.

"Antes da gente ganhar, eu infelizmente olhei o placar e vi que a gente estava com 14 pontos. Ali eu desfoquei por alguns segundos porque comecei a pensar em tudo que eu já enfrentei. Quando acabou o jogo, eu não conseguia nem falar nem chorar. Eu só soluçava".

Embora não seja a primeira classificação de dinha para um torneio internacional, essa é a mais simbólica. Para a jogadora, o carimbo no passaporte para Dallas fez com que ela entendesse que superar a depressão - doença que a acompanhava desde 2016 -, e a pausa na carreira, agora tinham um sentido.

"A classificação fez eu entender que não precisava ter medo de tudo aquilo que eu temia, como a questão de não achar um time por ser velha. São em momentos como esse que eu vejo o que faz sentido na minha vida. Na GameXP foi a mesma coisa, eu sentei na cadeira, olhei pros lados e só conseguia pensar "olha onde eu tô, o tanto que já conquistei". Com essa vaga, senti a mesma coisa. Depois de tudo que enfrentei, deu certo. Eu fiz valer a pena, tudo agora faz sentido", desabafou aos prantos.

Carioca, dinha lembra que desde pequena precisou engolir frustrações e se superar, desde quando se interessou pelo competitivo de Counter-Strike, ainda no 1.6.

"Tudo que tenho feito desde então é superar algo. Quando eu não tinha PC para jogar, quando eu não tinha equipamento, quando não tinha dinheiro para jogar os campeonatos em São Paulo, quando eu era muito pequena para viajar porque eu tinha 14 anos. Eu via minhas amigas indo e eu não podia ir".

"Esse último ano eu tive que pensar em muita coisa da minha vida e em todas essas situações eu tive que entender e ter paciência para conseguir o que eu queria e, aí sim, avançar à próxima etapa".

Um novo capítulo no roteiro

Dinha deixa claro que, nem nos seus melhores pensamentos, imaginava que voltaria a disputar um torneio internacional no CS:GO. Mas, agora que conseguiu a vaga, ela quer realizar um sonho e e está confiante que o Brasil pode erguer o troféu em Dallas - seja com a FURIA ou com a Black Dragons.

"Nosso cenário virou uma potência. Por conta do VALORANT, não estava tendo cenário competitivo de CS lá fora, os grandes times migraram. No entanto, nosso cenário se manteve firme. Então eu acredito que os nossos times vão bem contra os times de lá de fora", opinou.

"Não acho que ainda tem aquela diferença gigante de nível entre os times do Brasil e as equipes estrangeiras. Nós assistimos os jogos das equipes de lá de fora, dá para ver que estamos no páreo. Os comentaristas de lá de fora também ficam surpresos com o nosso nível, é um sinal positivo".

CS e nada mais

Assim como no cenário internacional, o Brasil também viu dezenas de jogadoras de CS:GO migrarem para o VALORANT, atraídas pelo circuito estruturado. Para dinha, ir ao FPS da Riot Games nunca foi uma possibilidade real.

"Meu amor é pelo CS. Muitas meninas falaram para eu ir pro VALORANT, disseram para eu migrar logo porque senão iria chegar tarde e iria me arrepender. Eu nunca me importei com isso porque não era algo que eu queria. Eu não ia jogar um jogo que eu não gosto simplesmente por conta do competitivo".

"Eu pensava que, se o CS morresse, eu ia ficar sem jogar porque eu só queria jogar CS. Eu estava bastante preocupada com isso, claro, mas a ESL veio com o circuito e fez meu coração voltar a bater forte de novo, me encheu de inspiração e fiquei aliviada", continuou dinha.

Um final feliz, independente de qual seja

A história de dinha com a Black Dragons vai ter um final feliz. Chamada para ser complete da equipe, a jogadora declara que, caso a organização decida retirá-la da vaga oficialmente ocupada por poppins, ela está tranquila.

"Eu realmente não penso nisso de continuar no time. É muito difícil porque, querendo ou não, a gente se apega, mas eu penso sempre que sou stand-in, não sou a titular do time. Se, depois do campeonato eles voltarem com a poppins, que é o que deve acontecer, eu tô super de boa. Se acontecer de eu ficar no time, ok, vou ficar muito feliz, mas se não rolar tudo bem. Estou tentando trabalhar isso na minha cabeça, mesmo sendo difícil", finalizou.

Leia também

#1(Com 0 respostas)
4 de maio de 2022 às 18:20
IVDMALUCO
Dinha merece, God matéria.
#2(Com 0 respostas)
4 de maio de 2022 às 18:37
bueking
god demais
#3(Com 0 respostas)
4 de maio de 2022 às 19:44
leozimmelo
Dinha god, tem muito sucesso pra comemorar pela frente ainda
#4(Com 0 respostas)
4 de maio de 2022 às 22:16
leafar
manda bala Dinha!
#5(Com 0 respostas)
5 de maio de 2022 às 01:47
venzi
boa sorte dinha, god god
#6(Com 0 respostas)
5 de maio de 2022 às 09:33
Terrorvski
god demaissssssss
Você precisa estar logado para fazer um comentário.