
GET Rio completou um ano sem pagar premiações aos times
O Global Esports Tour (GET) Rio completou um ano no último mês. Esse período também marca um ano da dívida da Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE) com as equipes participantes quanto às premiações e reembolsos das despesas. O valor não pago passa dos US$ 210 mil (R$ 1,1 milhão), conforme apurou a Dust2 Brasil.
O GET Rio foi disputado no ano passado, 18 a 20 de abril de 2024, no Maracanãzinho. Já no dia 21 aconteceu a Copa Rio, campeonato feminino também organizado pela CBGE. As premiações dos torneios são, respectivamente, de US$ 200 mil (R$ 1,1 milhão) e US$ 10 mil (R$ 56,5 mil). Documentos obtidos pela reportagem via Lei de Acesso à Informação mostram que a confederação deveria ter utilizado parte dos R$ 4,5 milhões que recebeu da Superintendência de Desportos do Estado do Rio De Janeiro (SUDERJ) para pagar os prêmios.
Os contratos firmados entre as equipes e a CBGE, quando ainda presidida por Paulo Ribas, obtidos pela reportagem na época, mostram que as premiações deveriam ter sido pagas em até 60 dias após o encerramento do evento, em 21 de abril. Ou seja, o pagamento era para ter ocorrido até 21 de junho, o que nunca aconteceu.

9z, FURIA, Imperial, Metizport, MIBR, Monte, OG e paiN foram as equipes que disputaram o GET Rio, enquanto que na Copa Rio estiveram presentes as lines femininas de Fluxo, FURIA, MIBR e W7M.
À reportagem, o MIBR disse que vem mantendo contato com a CBGE, falando com o presidente Leonardo Fontes. A Imperial também fala diretamente com o mandatário, que responde que a pendência com o clube é prioridade.
"Apesar dessa suposta prioridade, nunca recebemos uma previsão formal e oficial de pagamento. Inclusive chegamos a notificá-lo extrajudicialmente cobrando o pagamento da premiação", completou a organização.
A Global Esports Federation (GEF), dona da marca GET e que recebeu R$ 2,5 milhões pela taxa de licenciamento, foi procurada pela reportagem, mas não respondeu até a publicação desta matéria. Caso faça, ela será atualizada.
A CBGE disse que segue à disposição para todas as solicitações recebidas, mantendo-se acessível e responsiva aos questionamentos feitos pelas equipes. A confederação reiterou que a premiação será honrada, garantindo que tem prestado as devidas satisfações aos times envolvidos.
"O processo de amortização já está em andamento, ainda que em ritmo mais lento do que o desejado, e vem sendo conduzido com responsabilidade. O valor público investido representou apenas parte do custo total do projeto. A complementação prevista não foi integralmente efetivada, o que gerou desafios operacionais e impacto direto na execução financeira", explicou no comunicado.
Já a SUDERJ, em 28 de abril, também por e-mail, disse que a execução financeira e operacional do evento, incluindo o pagamento das premiações previstas, é de responsabilidade exclusiva da entidade parceira (CBGE), conforme previsto no Termo de Fomento e no respectivo Plano de Trabalho.
"Até o presente momento, a Comissão de Monitoramento e Avaliação da SUDERJ segue avaliando os documentos enviados, com o fim de apurar se ocorreram os pagamentos das premiações e reembolsos mencionados. Reitere-se que a prestação de contas ainda não foi aprovada e segue em análise técnica, com adoção das providências cabíveis para assegurar o correto emprego dos recursos públicos", completou.
Dívida com a FURIA é maior
A dívida da CBGE com a FURIA é maior já que, além da premiação e reembolso de despesas, também estão em aberto os custos da viagem da line masculina para a disputa do GET Rio. O montante é de US$ 40 mil (R$ 226 mil) e está registrado no contrato firmado entre as partes e que também foi obtido pela reportagem.
Investigação
Desde junho passado, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) está investigando possíveis atos de corrupção e desperdício de recursos públicos na realização do GET Rio. A investigação está correndo na 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania da Capital.
Além disso, a própria SUDERJ criou uma comissão para fiscalizar o GET Rio. Tal fiscalização sugeriu punições à CBGE por falhas encontradas. Depois de um jogo de empurra-empurra, a procuradora do Estado do Rio de Janeiro Vanessa Reis rejeitou pedido da superintendência para que a Secretaria de Esportes e Lazer (SEEL) ajudasse na escolha da "punição adequada" à confederação. Sendo assim, é a SUDERJ quem deve punir a confederação.
CBGE
Agradecemos o contato e reforçamos que a CBGE segue à disposição para todas as solicitações recebidas, mantendo-se acessível e responsiva aos questionamentos feitos pelas equipes. Sempre que procurada, a Confederação tem prestado as devidas satisfações aos times envolvidos.
Desde que assumiu, a nova gestão tem se dedicado seriamente à busca de soluções responsáveis para resolver todas as pendências relacionadas ao evento, inclusive no que diz respeito às premiações.
Reiteramos que a premiação será honrada. O processo de amortização já está em andamento, ainda que em ritmo mais lento do que o desejado, e vem sendo conduzido com responsabilidade.
O valor público investido representou apenas parte do custo total do projeto. A complementação prevista não foi integralmente efetivada, o que gerou desafios operacionais e impacto direto na execução financeira.