
Razão, sacrifício e sal grosso: biguzera explica trajetória da paiN aos playoffs
Pela primeira vez, a paiN vai disputar os playoffs de um Major. Mas a trajetória até o maior momento da história da organização na modalidade não foi simples: envolveu decisões racionais, sacrifícios pessoais e até um banho de sal grosso. Rodrigo "biguzera" Bittencourt explica.
"Estamos vindo de uma fase horripilante, onde tudo estava acontecendo num aspecto negativo. Doença, problema de visto, parecia que estávamos um pouco amaldiçoados e tudo dava errado para nós", disse biguzera em entrevista à Dust2 Brasil.
"Na última vez que fui ao Brasil, tomei um banho de sal grosso, fiz uma limpeza, porque estava sentindo que tudo estava dando errado. Não sei se é coincidência, mas chegamos aos playoffs do Major com uma miracle run, do 0-2 para o 3-2", completou o jogador.
E não foi só a mandinga. Para construir a trajetória da paiN até o top 8 do BLAST.tv Austin Major, biguzera teve que se sacrificar para abrir espaço para os companheiros brilharem. Historicamente uma referência técnica na equipe, biguzera tem visto seu rating despencar em 2025, também por conta de assumir posições mais ingratas. O capitão não se importa, ele só quer vencer.
"Eu poderia estar jogando melhor se estivesse fazendo outras coisas, outras funções, no início do ano eu deixei muitas posições, mudei muita coisa do meu estilo. Quero jogar melhor, mas, ao mesmo tempo, preciso entender o que é melhor para o time", disse.
"É esse o tipo de pensamento que um capitão tem que ter, não só sobre você. É a mentalidade que tenho, que carrego aqui na paiN, de sempre ajudar o outro, e se eu tiver que fazer alguém brilhar, vou fazer brilhar. O objetivo é sempre o mesmo. Ganhar, ganhar e ganhar. Eu não vejo porque não fazer isso se essa for a melhor forma de ganhar. Fico muito feliz com isso, independente se estou jogando pior ou melhor, só quero vencer e representar o Brasil e a América do Sul", completou.

Além dos sacrifícios dentro do servidor, bigu teve de tomar algumas decisões que não foram compreendidas de cara pela comunidade e pela torcida da paiN - como a saída de Kaue "kauez" Kaschuk no meio da temporada e a permanência no Brasil para se preparar para o mundial.
"Somos um time muito racional, sabemos o que é melhor para paiN. Vamos errar, já erramos e erraremos de novo, mas na maioria das decisões, pensamos e fazemos o que acreditamos ser o melhor, seja mudança de time ou uma decisão, por exemplo, de ficar no Brasil", explicou.
"Muitas pessoas vão criticar, mas sabemos o que é melhor. Estávamos num processo, de cabeça cheia, com problemas, e a melhor forma de resetar é ganhar confiança no Brasil e ficar perto da família. Tínhamos consciência disso. E tem vezes que você não precisa fazer bootcamp para ganhar desses caras. Já temos muito conteúdo bom, sei como jogar contra esses times, só precisávamos retomar a confiança individual que a coletiva vem depois", explicou.
A confiança tomou baques durante a competição, especialmente no Stage 3. Depois de passar no Stage 2 sem muitas dificuldades, a equipe começou a fase dos 16 melhores times com duas derrotas.
"Depois do 0-2, o time todo estava meio para baixo e eu disse que estava de boa e que havíamos perdido apenas duas md1", disse.
"Falei que havíamos perdidos para bons times e isso era normal, que agora jogaríamos md3, que é o que gostamos, e iríamos para cima. E, a cada jogo que ganhamos, vamos ganhando força. É muito bom ganhar desse jeito", completou.

Agora, com o caminho desenhado, biguzera seguirá se preparando e estudando, mas também vai aproveitar o momento.
"Eu não sinto que tínhamos obrigação de fazer o que fizemos, pelo tempo que tínhamos de treino, fizemos mais. Claro que queremos muito mais e buscaremos muito mais, mas, ao mesmo tempo, não podemos nos cobrar por isso, se pressionar", disse.
"Vamos curtir o momento, o playoff, a arena e o jogo contra a FURIA. E que vença o campeão do Major. É esse meu sentimento. Vou me preparar para jogar contra eles. Como time, individualmente, e, ao mesmo tempo, temos que curtir o momento também", completou.
O pensamento está na FURIA, adversário das 16h da próxima quinta-feira, mas não dá para ignorar o fato do time estar mais perto do que nunca da maior glória da carreira de um jogador de Counter-Strike - a conquista de um Major. biguzera sabe disso, mas não desvia o foco.
"É pensar na FURIA como um adversário, esquecer que eles são nossos amigos do Brasil. Na hora do jogo temos que encará-los como o nosso pior inimigo, mas só dentro do servidor. E depois vamos vendo, é passo a passo, vamos tentar buscar o título. São só três jogos', finalizou.
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