
fer diz se jogaria por outro time além da FURIA e evita "fechar portas" no CS
Acostumado a estar nas LANs de Counter-Strike como jogador, Fernando "fer" Alvarenga apareceu nas transmissões do Circuito FERJEE como caster. Em entrevista à Dust2 Brasil, o veterano contou que não vai seguir neste lado dos esports, porém admitiu que está vivendo uma nova fase da sua carreira.
"Estou fazendo outras coisas na minha vida atualmente. Estou em outro patamar de pessoa, mudando quem sou, com outros objetivos de vida, o que traz mais responsabilidade para mim. Minha vida está mais corrida no sentido de assumir mais responsabilidades. Estou fazendo uma transição muito legal na minha vida, algo que só pude fazer agora porque morei a vida toda fora. Voltei para casa, fiquei com meus pais, que era o meu objetivo quando parei de jogar. Já resolvi todas essas questões e agora estou dando um outro passo na minha vida."
"Qualquer decisão que eu tomar vai impactar em tudo que estou fazendo agora, mas eu sou movido à competição, aventura, desafio. Estou jogando Beach Tennis agora porque minha mulher joga, me incentivou e eu gosto de ganhar. Gosto de ganhar dos outros. Posso perder, porém o sentimento de ganhar é gostoso. Sendo bem sincero, se chegasse um convite da FURIA agora, eu teria que pensar em muita coisa - diferente do começo do ano, quando eu ainda não tinha dado esse passo na minha vida. Eu teria que pensar um pouco mais, fazer um planejamento mais certinho para poder entrar lá", continuou fer.
Agora incerto se aceitaria defender a FURIA caso fosse convidado atualmente, fer estava certo em atuar pela equipe há três meses. A sua entrada na principal equipe brasileira ficou próxima de acontecer. No entanto, ela foi frustrada por detalhes. O veterano relembrou a situação e falou como lidou com o fato de ficar fora da FURIA.
"O FalleN me ligou e falou da possibilidade, que ele queria me colocar no time, porém tinha um impasse com a FURIA por coisas do passado que rolaram. Eu estava parado também, era algo complicado para os caras pensarem. "Vai trazer um cara parado, por mais que tenha experiência, talvez não seja tão positivo assim. Será que é ele?". Isso rolou por uns dias e depois marcamos uma reunião. Conversei com o sidde, me ligou umas 2-3 vezes, perguntei várias coisas do time, o que eu enfrentaria caso entrasse no time, quais problemas achava que tinha, o que ele via que eu somaria para resolver, tanto fora quanto dentro do jogo. Tivemos uma conversa bem bacana, foi sincera."
"Achei muito legal do sidde abrir essas coisas para mim, pois é difícil entrar em algo na sua vida que você não sabe onde está pisando. Ele foi muito honesto, falou o que tinha. Sempre tive vontade de voltar a competir, porque é o que eu gosto de fazer. Porém, a vida de profissional é um pouco difícil, então pesa pensar se, no momento que estou na minha vida, quero passar por aquilo de novo. A FURIA, naquele momento, achei que seria válido, então aceitei entrar no time."
"Eu já sabia do molodoy, o FalleN me contou que ia largar a awp e eu até confrontei o FalleN e falei: "pô, mas no final da sua carreira você vai largar a awp, que foi a sua parada a vida toda?". E o FalleN respondeu: "Não vou jogar mais por tanto tempo, estou ficando mais velho, quero aposentar, então quero treinar alguém, não em mira, mas treinar um awper para ser melhor em time. Um dia vou sair e quero que alguém me substitua à altura para deixar um nível alto". O cara tem uma mentalidade diferente."
"O YEKINDAR estava para montar um projeto com o pessoal do CIS e estava quase certo de fazer esse time. Marcamos uma reunião e, quando faltavam uns 20 minutos, o FalleN me ligou e disse que tinha uma notícia ruim para mim. O YEKINDAR falou que não deu certo lá e a galera achou que faz mais sentido colocar ele no time porque já está na ativa. Falei "pô mano, de boa". Eu reagi de boa porque acho que as coisas que chegam para mim é porque têm que acontecer. As que não chegam, talvez não seja o momento ou não é para mim. É difícil encontrar essas respostas e não sou um cara curioso para saber. Acredito na minha fé, que acontece o que é para acontecer. Não aconteceu, fiquei de boa, torço pelos moleques e pelo sucesso deles. Foi tranquilo aceitar que não deu certo naquele momento", adicionou fer.
Quando fer disse que ficou próximo da FURIA, um dos questionamentos era se ele estava no nível para atuar pela principal equipe brasileira, mesmo depois do tempo sem competir. O bicampeão de Major respondeu.
"Não ligo de ficar provando as coisas para ninguém. Quando a gente é um competidor, queremos mostrar o nosso melhor e que as pessoas enxergam isso da gente. Já passei por isso na Imperial. Eu estava parado na época e todo mundo duvidou. Entrei e mostrei que, mesmo parado, jogando e fazendo lives, a mente do competir não muda. Não é difícil se adaptar ao jogo, se adaptar a um time quando você tem experiência e tem o ouvido aberto para poder ouvir a galera. Você precisa ouvir os feedbacks, entrar com a cabeça de "não sei tudo, vou aprender". Vou aprender desde o cara que tem 16 anos, que acabou de entrar, porque tem algo para me ensinar."
"Não foi difícil na época da Imperial. Entramos, estávamos jogando um CS de alto nível, batendo de frente com os caras lá fora. Na FURIA seria até mais fácil porque os jogadores, teoricamente, são melhores. Não sei como era conversar com os caras sobre o jogo, mas creio que eles têm muita tranquilidade de falar quais são os problemas, o que veem que está errado, dica do que poderia melhorar. Seria mais fácil me adaptar com pessoas que já são boas e estão há muito tempo no cenário, batendo de frente nos campeonatos", seguiu.
E, se queria voltar ao competitivo, por que não entrar em outro time além da FURIA? fer explicou.
"A galera fala "o cara está parado e quer entrar em time que está lá em cima". Eu acredito no nível que tenho de jogo, experiência que tenho e a vontade de me dedicar para me encaixar em um time bom é muito grande. Não preciso que as pessoas concordem comigo, porém precisam respeitar pelo menos. Acho que eu teria nível para entrar lá. No Brasil, passar por toda a dificuldade que um profissional passa… passei por isso por quase 10 anos na minha carreira lá fora. Teria que ser um projeto que eu realmente gostasse das pessoas que estão lá, do profissional, do que a pessoa pensa sobre o jogo, de futuro, para aceitar passar por essas dificuldades novamente."
"Um cara que fala "quero jogar mais seis meses só", eu creio que ele vai se doar o máximo. Em qualquer situação que você se coloca na vida, ela tem um ponto positivo. Creio que, todo mundo que está jogando profissionalmente, não quer perder. Todos querem ganhar, dar o seu melhor, independentemente de quanto tempo está jogando, a idade. Seria uma experiência legal, porém, em outro time do Brasil, eu não iria."
Sem jogar frequentemente desde 2022 e com a última partida registrada na HLTV em 2024, fer nunca disse que estava aposentado. E o jogador não pretende mudar isso.
"Não me vejo 100% aposentado. Quando falo isso, é porque sou movido à competição. Se daqui 2-3 anos aparecer um desafio que eu queira topar, vou topar. É difícil falar totalmente de aposentadoria, porque isso significa fechar uma porta para ir para outro caminho. Na minha vida, nunca fechei portas para coisas que gosto. Se aparecer algo bacana, daqui um mês, um ano, sempre vou pensar na opção. Nunca vou fechar a porta e falar "nem vem falar comigo que não quero", pois isso seria mentira. Existe um mundo em que talvez chegue um desafio legal para mim e eu aceite sim", finalizou fer.
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