guerri sobre má fase da FURIA: "Colocar a bunda na cadeira e olhar o que está dando errado"

A situação da FURIA não é boa e a estreia na IEM Cologne foi a quarta derrota consecutiva da equipe. Após o revés para a Astralis por 2 a 0, Nicholas "guerri" Nogueira disse que a confiança do time está abalada.

"Nesses últimos jogos estamos perdendo rounds que não podemos perder. Situação de anti forçado, vantagem. O momento negativo, ruim, quando estamos mais para baixo, vai derrubando a confiança, vamos duvidando de nós mesmos em algumas coisas", afirmou guerri em entrevista à Dust2 Brasil.

"Não podemos perder para ninguém, ninguém quer perder, mas estamos num momento delicado, difícil. Estamos buscando trabalhar, resolver as coisas, mas chegamos na hora do campeonato e ainda erramos. Precisamos realmente dar esse primeiro passo de conseguir a vitória para a confiança voltar", completou o treinador.

Esse primeiro passo, citado muitas vezes por guerri durante a entrevista, não é necessariamente uma única coisa. Ele consegue identificar vários problemas que podem estar resultando na má fase do time.

"O CS é muito complexo, não podemos falar de uma coisa só. É óbvio que há rounds que podemos tomar decisões melhores, mas toda vez que eu estou numa dificuldade como essa eu coloco meus esforços no trabalho, na dedicação, e busco entender tecnicamente onde a gente pode melhorar, além do mental e da comunicação. Isso não vai acontecer da noite pro dia. É a primeira vez que o público brasileiro vê a gente perdendo tantas vezes seguidas", contou.

guerri reforça que a FURIA tem desperdiçado muitos rounds que não podem ser desperdiçados. Para o treinador, isso é fruto da falta de confiança.

"O CS é muito detalhe. Às vezes é uma kill que nem o observer viu que faz com que o round vire. Estamos perdendo rounds que não podemos perder. Perdemos um 3 contra 1 que não podia, rounds close que não poderíamos ter perdido. Esses são os rounds que ou tomamos uma decisão ruim, ou a comunicação tava ruim, ou não matamos bonecos. Acho que está acontecendo essas três coisas com a gente", explicou.

"Quando estamos em um momento ruim, com a confiança mais baixa, não matamos, damos uma pinada. A temporada é cansativa, estamos longe de casa desde o começo do ano, só vivendo na Europa. Não é desculpa, mas o fim da temporada dá uma desgastada, ainda mais com os últimos resultados. Precisamos dar o primeiro passo, (conseguir) a primeira vitória para poder embalar e voltar a ter confiança", completou.

guerri classificou o momento como "o mais delicado" pelo qual a FURIA já passou.

"Já tivemos vários momentos de altos e baixos, a FURIA, no geral, sempre vem crescendo e dando um próximo passo, mas sempre temos momentos de altos e baixos. Sempre saímos do momento de baixa, nunca afundamos. Esse momento que estamos agora está sendo o mais delicado, porque está tudo certo, estamos trabalhando, treinando, mas no campeonato as coisas dão errado. A busca por resultados melhores e a pressão que a gente tem de sempre performar bem, buscar ser o melhor time, tudo isso está nos colocando no momento que estamos agora", completou.

"A torcida e as pessoas próximas da gente se frustram, querem resultado, nós também queremos o tanto quanto elas, treinamos bastante e nos treinos vemos coisas positivas, colocamos em prática, e no campeonato erramos no 3 contra 1, no anti forçado, aí fica aquela sensação de que tudo está dando errado. Não podemos achar que o problema é maior do que ele é, temos que quebrá-los em problemas menores e buscar entender porque perdemos aquele forçado, aquele pistol, porque fez aquilo. Por estarmos mais desconfiados, erramos mais coisas. Hoje erramos uma smoke janela que não poderíamos errar. É um momento delicado, um momento que está todo mundo muito cansado, e queremos dar esse próximo passo aí nesse torneio", disse.

De acordo com guerri, a saída só virá de uma maneira: colocando a "bunda na cadeira" e trabalhando.

"Temos que trabalhar, colocar a bunda na cadeira e olhar o que está dando errado. Trocar ideia. É cansativo, exaustivo, mas não tem outra saída", afirmou.

Uma nova Nuke, de novo

A série começou com um confronto na Nuke, mapa que a FURIA acumula cinco derrotas consecutivas. De acordo com o guerri, o time tentou implementar algumas mudanças, mas elas não funcionaram tão bem.

"Depois que tivemos esse momento ruim na Nuke, fizemos uma mudança. O drop veio para a A, o yuurih foi para B para ficar um pouco mais móvel. Precisamos trabalhar, olhar de novo para o jogo. Eu lembro de alguns rounds que eles passaram secret, terra, e não tivemos informação. Acho que precisamos mudar de novo", explicou.

"No CT nós estamos treinando bastante, sabíamos o que precisávamos fazer. No começo do jogo tivemos dificuldades para resolver a parte de fora, passar secret, marotar terra. Perdemos alguns rounds importantes que não poderíamos ter perdido, e quando fomos para o TR ficou tarde. Ganhamos o pistol, pensamos que teríamos um momento legal e perdemos o anti forçado", completou.

Vida ou morte

Para tentar sair da má fase e seguir viva na IEM Cologne, a FURIA precisa vencer a Outsiders neste sábado, às 7h30. Os russos, curiosamente, foram as vítimas da última vitória da equipe.

"A Outsiders é um time que jogamos há muito tempo. Já ganhamos bastante, eles já ganharam bastante, da última vez jogamos contra esse time com fame e n0rb3r7 e ganhamos. A primeira coisa é olhar para os mapas que vamos jogar, analisar, fazer um plano de jogo e vir amanhã para o vida ou morte", disse guerri.

"Há um cenário de mais pressão, mas essas hora que temos que sobressair individualmente e como time. É o momento para fazermos isso", completou.

Novo planejamento

Assim como outros times brasileiros tem feito, guerri também listou o cansaço e o desgaste por estar tanto tempo fora de casa como motivos da fase ruim. Com a nova configuração do CS:GO, com eventos acontecendo quase que só na Europa, o treinador já traça uma nova estratégia para a segunda metade da temporada.

"Ao meu ver, a solução para o próximo semestre é organizarmos um pouco melhor para não jogarmos tantos torneios e buscarmos treinar com uma certa qualidade e jogar torneios específicos. A minha ideia de jogar os últimos torneios foi justamente para não ficarmos com um gap muito grande de um torneio para outro, que também é uma preocupação que temos que ter", explicou.

"Se treinamos demais, não conseguimos colocar em prática, realmente jogar campeonato, que é aonde temos pressão e realmente olhar para o que está dando certo e para o que está dando errado. Eu acho que no próximo semestre vamos jogar campeonato mais específicos", finalizou.