Akkari, sócio da FURIA, e Gaules

Tribo x MADHOUSE TV: entenda troca de farpas entre Gaules e Akkari sobre direitos de transmissão

Madrugada foi marcada por acusações entre figuras

Uma "guerra fria" que ocorria nos bastidores nas últimas semanas ganhou os holofotes na madrugada desta terça-feira. A disputa pelos direitos de transmissão de campeonatos de Counter-Strike 2 entre a Tribo, de Alexandre "Gaules" Borba, e a MADHOUSE TV, canal da FURIA e do podcast Podpah, que até o momento permanecia longe dos olhos do público, virou assunto após uma troca de farpas públicas entre Gaules e André Akkari, sócio da FURIA.

O desentendimento que culminou nas declarações dos dois durante a madrugada de IEM Chengdu começou no domingo, quando Nicolas ''fkS'' Lacheski, youtuber e um dos casters da MADHOUSE TV, publicou um vídeo dizendo que Gaules não quis negociar os direitos do StarLadder Budapest Major com a MADHOUSE TV - mesmo depois do streamer ter afirmado, em diferentes oportunidades, que gostaria de ter alguém para dividir os direitos dos grandes campeonatos.

Durante uma transmissão na madrugada da segunda-feira, Gaules disse que, na verdade, a FURIA tentou negociar diretamente com a StarLadder antes de propor uma divisão dos direitos e foi negada pela organizadora de torneios - e, aí sim, abriu negociações com o Omelete, empresa dona da marca Gaules.

Na abertura da transmissão do segundo dia de IEM Chengdu, na noite desta terça, Gaules voltou a falar sobre o assunto. O streamer diz que cedeu os direitos da Esports World Cup com a MADHOUSE TV, e que foi avisado pela ESL que a detentora havia recebido uma nova proposta pelos direitos da IEM Chengdu e que os direitos seriam divididos.

Gaules disse que não conseguiu negociar pelos direitos da FISSURE Playground 1, transmitida pela MADHOUSE TV, nem pagando o valor pedido pelos detentores. O streamer conseguiu os direitos posteriormente, apenas na Kick, pagando um valor que ele considerou "absurdo". Na FISSURE Playground 2, também transmitida pela MADHOUSE TV, Gaules diz ter se deparado com outro valor "absurdo", mas topou pagar, e mesmo assim, teve o direito negado. No Thunderpick World Championship, transmitido pela MADHOUSE TV, Gaules diz ter sido negado após transmitir as seletivas.

Sobre o Major, Gaules afirmou que a MADHOUSE TV tem "todo o direito do mundo" de tentar conseguir os direitos, mas que só tentou dividir a conta depois de ser negada pela StarLadder. Para o streamer, não faria sentido renegociar prontamente com a MADHOUSE TV após a mesma ter sido negada pela própria detentora.

A resposta da MADHOUSE TV veio por meio de André Akkari, da FURIA, após as declarações de Gaules. O fundador da organização disse que o streamer mentiu e "como ele tem live para criar estas paradas nocivas", prometeu gravar um vídeo, que foi publicado na madrugada.

No vídeo, Akkari diz que foi o responsável por representar a MADHOUSE TV nas negociações por direitos, explicou que a StarLadder começou um processo de leilão pela transmissão do Major, e, após ver um vídeo de Gaules dizendo que gostaria de dividir as transmissões de campeonatos, entrou em contato com Lucas "Brexe" Pereira, diretor da Tribo e braço direito de Gaules, no dia 25 de setembro, propondo o racha. Segundo Akkari, Brexe disse que que conversaria com Pierre Mantovani, CEO do Omelete. Mantovani e Akkari se reuniram no dia 1 de outubro para discutir a possibilidade de uma divisão.

Segundo Akkari, no dia seguinte, a StarLadder comunicou à MADHOUSE TV que o estúdio não teria os direitos e que o detentor já havia sido escolhido. Ao mesmo tempo, Akkari relata ter fechado a transmissão do Thunderpick World Championship. Akkari disse que, ao falar com Mantovani sobre a perda dos direitos do Major, o CEO do Omelete contou que a Tribo havia ganhado a disputa. Posteriormente, os mandatários se reuniram novamente e Mantovani teria deixado claro que não havia interesse em dividir os direitos para não promover o concorrente e, em caso de uma possibilidade, falaria novamente com Akkari.

Ao assistir o vídeo de Akkari, Gaules disse que a MADHOUSE TV não ofereceu os direitos da Thunderpick e que Mantovani havia pedido uma proposta de Akkari para a divisão do Major, e a proposta não chegou até o dia 2 de outubro, quando o chefe da FURIA ficou sabendo que não teria os direitos.

Gaules também teceu críticas a presença de fkS nas transmissões da MADHOUSE TV, classificado pelo streamer como "uma pessoa tóxica para o cenário inteiro, que ataca pessoas relevantes do cenário" e que se sente "apunhalado por trás" por um time que ajudou a construir. Akkari, no vídeo, diz que Gaules comunicou a briga por direitos de "uma forma nociva", mas agradeceu por toda a cobertura dada pelo streamer para a FURIA, além de dizer que ele é "genial" em seu trabalho. Sobre fkS, o diretor disse "não estar por dentro" dos acontecimentos, mas que irá se inteirar e, caso julgue necessário, tomar medidas - citando até um afastamento.

Akkari, ao fim do vídeo, diz que pretende seguir negociando direitos com o Omelete, além de elogiar Brexe e Mantovani. Gaules, em sua resposta, diz que gostaria de ver "a proposta formalizada de como dividiríamos as coisas que eles têm".

Treta de outros campos

Aliados históricos e com trajetórias de ascensão que coincidem desde 2018, Gaules e FURIA já têm se estranhado nos últimos meses por questões distantes do Counter-Strike. Presentes na Kings League, as partes protagonizaram alguns embates no campeonato de futebol de 7 e se consolidaram como a principal rivalidade do país na modalidade.

O ápice da briga no futebol aconteceu em abril deste ano, quando, após vencer a g3x, integrantes da FURIA bateram na porta do vestiário do time de Gaules. Uma confusão generalizada entre as equipes começou, incluindo agressões físicas - por conta disso, Pet, manager da FURIA e apontado como pivô da confusão pelo g3x, e Tato, preparador de goleiros do g3x, foram suspensos pela liga.

A rivalidade permaneceu aquecida nos meses seguintes, com provocações amistosas entre os presidentes no gramado e nas redes sociais. Gaules comenta de maneira recorrente sobre um suposto favorecimento à FURIA em decisões tomadas pela Kings League por conta da influência de Neymar, um dos presidentes do time de futebol da organização.

A temperatura subiu no dia 12 de outubro. Durante uma transmissão, Gaules disse que Lipão, um dos destaques da FURIA no futebol e eleito o melhor jogador da Kings League, não era "nem o melhor do time dele". Akkari respondeu ao streamer dizendo que o comentário era "desrespeitoso e desnecessário". Desde então, mais provocações foram trocadas por g3x e FURIA, mas sempre no âmbito da Kings League.

Na última segunda-feira, o g3x venceu a FURIA no primeiro encontro das equipes na atual etapa da liga. A FURIA, por estratégia de jogo, decidiu transformar seu pênalti presidente em um shootout e, propositalmente, perdê-lo - assim o time teria condições de somar mais pontos caso virasse o jogo, o que faria com que a FURIA terminasse na liderança do seu grupo. Gaules, transmitindo o jogo, chamou Cris Guedes, presidente da FURIA, de pipoqueiro.

Na postagem da derrota, a FURIA brincou com Gaules dizendo que o streamer "não precisava chorar" dessa vez. Cris Guedes também brincou com a situação no X (antigo Twitter), dizendo que queria comprar pipoca para assistir o jogo da FURIA na IEM Chengdu.

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