
YEKINDAR fala sobre mentalidade da FURIA, mágica do Major e chance de permanência
A ideia de que o jogador brasileiro já não tem mais a mesma vontade de vencer que a geração passada tomou conta das discussões sobre a falta de sucesso do país nos últimos anos. Os desanimados com a falta de "querer" têm se derretido pelas declarações dos novos jogadores estrangeiros da FURIA, que falam em frustração por chegar à semifinal ou cravam possibilidade de título antes do início da competição. Um deles é Mareks "YEKINDAR" Gaļinskis, que explicou de onde vem essa mentalidade.
"Se um jogador não acredita que pode ganhar o evento, ele não pertence aqui", disse YEKINDAR em entrevista à Dust2 Brasil após a vitória da equipe diante da M80.
Essa confiança, em tempos como esse, ainda se soma a algo que YEKINDAR chama de "mágica do Major".
"Trabalhamos muito, e se não acreditarmos no trabalho que tivemos e na sorte... às vezes você pode ter sorte, alguém consegue uma kill na smoke em dois rounds e agora, no MR12, você pode ganhar o mapa e vencer o jogo só se baseando no momentum. Tivemos azarões históricos que venceram Majors, a Outsiders, a Gambit", explicou.
"Entre os jogadores, nós chamamos isso de mágica do Major. Eu acredito na mágica do Major, molodoy acredita na mágica do Major, e sabemos do que somos capazes e que o Major pode surpreender", completou.
YEKINDAR sabe que a magia é algo extraordinário, alheio aos desejos de obtenção, mas algo dentro de cada jogador nesse estágio de carreira pode despertá-la, diz.
"Nos seus pensamentos, o Major faz você entrar num instinto, onde você entende que é agora ou nunca. Quando as pessoas têm esse instinto, esse sentimento durante os jogos, especialmente em jogos difíceis, você vai ver os jogadores fazerem coisas que eles nunca fazem e fazem um highlight por conta disso", disse.
"Tem muitos highlights durante os Majors. Você pode jogar todos os outros campeonatos, mas esses lances só acontecem no Major. E eles te dão momentum, te fazem vencer o jogo e impactam muito mais do que as pessoas pensam que eles impactam", completou.
YEKINDAR já identificou sinais dessa tal magia no atual momento da FURIA.
"Nós viemos com coisas que acreditamos e sabemos que estão funcionando como um time. Nesses três jogos vi jogadas insanas que eu nunca vejo. Pode ser só com posicionamento. Você não precisa matar quatro, você pode se posicionar numa situação melhor só você transita, lê o jogo de maneira melhor", afirmou.
"Você está dentro do jogo. Eu já vi isso nesses três jogos e, definitivamente, sinto que podemos, quão mais longo for o campeonato (para nós), mas calmos nós ficaremos como um time", continuou o jogador.
On no server, off na filosofia
A contratação de YEKINDAR também foi vista como um auxílio a Danil "molodoy" Golubenko, já que o jovem jogador não tem fluência no inglês. A melhora na comunicação do awper, porém, é nítida em entrevistas e convívio. YEKINDAR também vê essa evolução.
"Ele tem o básico, e acho que é só uma questão de tempo, quanto mais palavras básicas ele aprender, o sotaque dele vai melhorar. É difícil para ele quando há uma conversa muito rápida e ele quer falar o que pensa, mas não conecta a palavra que queria dizer no inglês", disse.
"Ele não conhece as palavras. O tempo vai ajudá-lo a melhorar o inglês. Quando entrei na Liquid o meu inglês era bom, mas depois de 2 anos e meio ficou ainda melhor. Quanto mais ele jogar, melhor vai ficar", completou.
De acordo com YEKINDAR, durante os jogos, não falta vocabulário para molodoy. O problema são as conversas no dia a dia.
"Durante o jogo ele não tem nenhum problema. As situações de jogo são muito repetitivas, a informação é repetitiva, e quando você entende o conceito e o jogo, você sabe o que significa o que. Fora do jogo, quando você fala de coisas diferentes, filosofia, ou qualquer coisa, tem tópicos que são difíceis, com palavras difíceis e novas, que ele não entende, e aí ele me pergunta o significado, como dizer, etc", continuou o jogador.
Haverá sinais
Ainda há um Major (e muita mágica) inteiro pela frente, mas as dúvidas sobre o futuro de YEKINDAR são constantes. O jogador tem um contrato com a FURIA até o fim do mundial, e diz que ainda não há discussões sobre sua permanência.
"Estou feliz de estar de volta, estar jogando. O nosso contrato é até o fim do Major e vai depender dos dois lados, da FURIA e de mim. Talvez iremos mais longe no Major e o FalleN mostra seu verdadeiro lado, a personalidade, e vai ser um demônio ou algo e aí eu não vou querer ficar (risos)", brincou o letão.
O jogador, porém, está captando, e dando, sinais de uma permanência.
"Não quero pensar adiante, estou jogando um Major, feliz que estamos evoluindo. É surpreendente o quão o FalleN e o time jogam e estruturam o jogo como se eu estivesse 100% ficando. E isso talvez me faça ficar. Vamos ver, mas acho que tem uma possibilidade alta de que aconteça", disse.
Questionado se isso são pistas de que a FURIA quer que ele fique, YEKINDAR não despista.
"Talvez... e talvez eu esteja dando algumas pistas também que vou ficar. Vamos ver. Agora temos um Major, e quando a conversa tiver que acontecer, vai acontecer", finalizou.
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