A-140, navio da Marinha que recebe o CFE

CS no navio: custos, desafios e negociação com a Marinha

Presidente da FERJEE, que realiza o CFE, falou sobre a realização do torneio no maior navio da Marinha

A Federação do Estado do Rio de Janeiro de Esportes Eletrônicos (FERJEE) já realizou campeonatos de Counter-Strike durante o Rio Innovation Week - feira de tecnologia na cidade - em outros dois anos, porém desta vez o torneio acontece em local inovador: dentro do maior navio da Marinha do Brasil. Presidente da Federação, Cadu Albuquerque falou à Dust2 Brasil de como surgiu a ideia e como foi realizar o campeonato.

"Quando soubemos que o Rio Innovation Week (RIW) estava negociando com a Marinha para ter o navio de guerra aqui, nos colocamos à disposição para ocupar o espaço. Foi uma dúvida no princípio. A Marinha ficou duvidosa se realmente iria dar certo aqui dentro. Tem todo o militarismo, que sabemos que é uma situação a mais, tem regras e tudo mais."

"A partir dessas regras, tivemos uma negociação muito dura com eles e chegamos em um consenso de sair do lado de fora do RIW para vir para dentro do navio, com o compromisso de que iríamos trazer público para cá e que seria algo diferente. Trouxemos bastante gente, o evento está bonito e conseguimos entregar algo legal."

Torcida durante partida do CFE

Não só a negociação foi dura, mas também a logística de colocar toda a estrutura dentro do navio. Um dos desafios também foi o curto tempo que a FERJEE teve para organizar o evento.

"A Marinha nos permitiu começar a montar no sábado, com o evento começando na terça. São três dias para montar tudo, as pessoas praticamente não dormiram. É toda uma complexidade. Tivemos que içar algumas coisas porque sabemos que botar coisas dentro de um navio é complexo. Tivemos problemas com elétrica, internet, porém tudo deu certo no final."

"Minha equipe precisou se desdobrar para fazer isso acontecer. Como qualquer evento, foi muito estresse, pressão em cima da gente para conseguirmos entregar o projeto. No dia da montagem, descobrimos que precisaríamos mudar algumas coisas, então precisa refazer o projeto, medir novamente, e isso tem acréscimo de valores. Foi trabalhoso, porém sabíamos que tínhamos capacidade de entregar um evento bonito como esse", seguiu o presidente da Federação.

Uma das dificuldades que a FERJEE poderia ter para realizar um campeonato de CS dentro de um navio militar seria o fato do título ser um jogo de tiro. No entanto, isso não aconteceu com a Marinha.

"Eles têm uma visão muito tranquila em relação a considerar o esports como esporte. Isso foi um avanço muito bom na conversa. Eles não tiveram nenhuma preocupação com o jogo de tiro e isso foi bem legal. Eles reconhecem o jogo, reconhecem os esports e isso trouxe uma credibilidade para podermos construir isso aqui dentro também."

Cadu Albuquerque, presidente da FERJEE (Foto: João Ludgerio/Dust2 Brasil)

Cadu Albuquerque conta que está satisfeito com o que a FERJEE tem entregado com o CFE. O presidente conta que está sendo uma realização pessoal por poder mostrar que a Federação "veio para ficar, com capacidade técnica muito boa".

"Conseguimos estabelecer um padrão do que precisamos manter aqui no Brasil, que são os campeonatos com o mesmo padrão da Europa, com a mesma preocupação e atenção com players, imprensa, casters e todos os envolvidos, indo além do público", disse.

Toda operação, dificuldades e funcionários faz com que o evento tenha um custo. Cadu Albuquerque comentou os valores investidos para a realização do CFE.

"Não gosto de falar muito sobre números porque isso dá uma visão meio distorcida das coisas, mas te falo que gastamos mais de R$ 2 milhões para estar fazendo isso aqui, só para você ter uma noção de números. Foi um evento relativamente caro. Hoje, não sei nem quantas pessoas estão trabalhando diretamente com a gente, só fomos contratando o que era necessário. Estávamos fazendo sem pensar muito no valor, mas sim na entrega, no sentimento e na emoção", finalizou o presidente da Federação.

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