
felps: "Não tenho problema nenhum em recomeçar, fiz isso a carreira toda"
João "felps" Vasconcellos está de volta. Depois de seis meses de inatividade, o veterano fechou com a Gaimin Gladiators e fez sua estreia durante o Circuit X Retake, em São Paulo. Mesmo vacinado e com experiência dos maiores palcos do mundo, felps se disse nervoso.
"Depois de tanto tempo, eu fiquei ansioso para jogar uma LAN, acho que por conta do tempo que fiquei em casa", disse o jogador em entrevista à Dust2 Brasil.
"Estou bem feliz, está bem legal, estou ignorando as coisas ruins durante o dia porque estou feliz de estar de volta", completou - por conta dos atrasos, a partida da GG varou a madrugada e, o confronto decisivo do grupo, foi adiado para esta sexta.
Nos seis meses seguintes à saída da RED Canids, felps não parou de jogar CS. Além de alguns mapas como substituto para times distintos, o jogador revelou ter passado muito tempo nas filas ranqueadas.
"Eu estava destruindo minha cabeça. Eu não tinha o que jogar a não ser pug. Eu estava com 160 ou 170 horas na Steam, muito pug, uns 12 a 15 jogos por dia. E é estressante, porque é um jogo aleatório e sem sentido em nada", explicou.
"Não foi fácil, foi bem chato, difícil, mas não perdi a resiliência. Me fez tomar a decisão (de voltar). Eu não aguento ficar sem competir, não é hora de parar, está bem longe. Resetou minha cabeça para isso. Foi difícil, mas fui jogando, aguentando, na resiliência, e acho que fiz a escolha certa. Estou bem feliz agora", disse.
De acordo com felps, a ideia de jogar até a exaustão foi seguida após o jogador estabelecer uma meta: felps ainda quer estar no topo.
"Se você quer chegar em algum lugar, tentar mais uma vez, e você coloca uma meta e aquilo é seu objetivo independente de tudo, você supera todas as coisas. Obviamente vão ter dias ruins, tristes, que você vai desanimar, mas no outro dia você acorda com a energia renovada. Para mim quase todos os dias foram assim", afirmou.
"Eu tenho uma meta de tentar reviver um pouco do que eu passei em 2017 pelo menos uma última vez na minha carreira, porque foi muito bom. Eu amo competir. Esse jogo é ótimo para isso, é o jogo que fez a minha vida. Essas duas coisas foram essenciais, mesmo nos momentos ruins, de tristeza, de 'Será que vou achar um time bom de novo?'", continuou o jogador.
"Depende só de mim, obviamente. (Eu pensava) 'se eu matar, jogar bem pra caramba, vai vir, vai acontecer'. Eu sabia que dependia só de mim", completou.
Enquanto estava afastado, felps recebeu diversas sondagens. De acordo com o jogador, até mesmo times que tinham condições de jogar o Major o chamaram, mas ele preferiu esperar pela oportunidade certa.
"Tive propostas que mexeram comigo. Não posso falar, mas times que estão melhores ranqueados e poderiam até jogar Major. Mas não quero entrar num time para depois sair em seis meses porque não deu certo ou porque sabíamos que não daria certo com tal pessoa", contou.
"Eu não quis arriscar. Eu já estava esperando há seis meses, decidi esperar mais um pouco. Eu não tenho problema nenhum de recomeçar, eu fiz isso minha carreira toda. Eu preferia um projeto mais estável, com pessoas que nunca joguei, para não ter um futuro definido, sabendo que eu sairia em 6 ou 7 meses. Eu não gosto disso. Eu tive propostas de times melhores, mas preferi aqui. É um time com muito potencial, que pode chegar muito longe", completou.
felps disse ter sentido que a oferta da Gaimin Gladiators era aquela que deveria ser aceita.
"Eu só senti. Não tem um motivo específico. Das outras propostas que eu recebi, algumas não foram oficiais, eram só projetos que a galera estava montando. Quando recebi a proposta deles, achei que não tinha nada que eu não pudesse gostar. Tudo se alinhou. (Vão falar que) 'o time ainda não é lá essas coisas', mas para mim não tem problema. Com o tempo o time cresce junto", explicou.
Sempre honesto, felps fugiu da resposta que virou lugar comum sobre classificação ao Major. Perguntado se o objetivo do time é conseguir os pontos para chegar no primeiro mundial de 2026, ele disse que não para ele.
"Hoje em dia parece que o objetivo é Major. Na maioria dos times (o objetivo) é Major, Major, Major. O meu objetivo é estar lá, as organizações necessitam estar lá, mas eu nem penso nisso", afirmou.
"Esse esquema de pontuação, para mim, não é justo. Uma LAN isolada, em tal lugar, dá muito ponto. E ganha de um time para classificar na hora ali, tem que fazer a matemática, é um negócio muito estranho, não tem mais aquela pressão. Eu não estou pensando nisso agora, nem sei se vai continuar desse jeito o esquema da Valve", completou.
felps, é claro, quer estar no mundial - mas não é só isso.
"Obviamente, não tem como negar que o objetivo é o Major, mas, para mim, não tem mais pressão do tipo 'Caralho, preciso estar lá'. No final das contas a gente vai, acaba não fazendo nada e sai. Legal, jogou Major, ganhou o dinheiro do sticker, mas e ganhar?'", questionou.
"Ou fazer o que fez a paiN, por exemplo, chegar numa semifinal. É isso que é interessante, voltar a ganhar. Eu não me coloco essa pressão (de ir ao Major), mas sei que há essa responsabilidade por conta da organização", disse.
Se o objetivo não é só participar, o que, então felps quer?
"Quero fazer o que, sei lá, a Legacy faz hoje. Jogar todos os campeonatos, estar no top 10 do mundo, mas com chance de ganhar. Meio que como na Immortals em 2016. Iríamos jogar uma DreamHack, que hoje seria considerada uma FISSURE, com chances de ganhar. Igual a Legacy, que ficou em segundo agora", afirmou.
"Isso é legal. Disputar, ter chances de ganhar e trocar com os caras. Não só simplesmente participar. O que eu jamais fiz na minha vida foi (ficar satisfeito por) classificar para uma Pro League, tomar um pau e ir embora. Não é legal. Mas sei que é um processo bem lento e difícil, não é só classificar e vamos lá e vamos representar bem. Se eu colocar na minha cabeça que o importante é competir e ser muito forte, e não sticker, dinheiro, Major e essas coisas, aí dá certo", finalizou.





























