Lokinha durante o Rainhas do Clutch (Foto: Divulgação/FERJEE)

Vice-mundial, Lokinha avalia evolução e momento atual do cenário feminino

Veterana também falou da inspiração para outras jogadoras e projeção na sua filha

A geração atual do Counter-Strike feminino dividiu o palco do Rainhas do Clutch, no último sábado, com nomes que marcaram o cenário no passado, quando ex-integrantes da LadieS participaram de um showmatch na LAN no Rio de Janeiro.

Uma das veteranas que disputou o showmatch foi Claudia "Lokinha" Miranda, que esteve na campanha de vice-campeonato da ESWC 2004 e também no mundial em 2006 e 2007.

Lokinha conversou com a Dust2 Brasil durante o Rainhas do Clutch, e a ex-jogadora explicou que tinha se afastado do Counter-Strike, porém o contato voltou a aumentar na pandemia, com a necessidade de isolamento e, assim, mais tempo em casa.

"Depois que você vira mãe, não tem como. Os primeiros anos são muito difíceis. Meu marido joga, mas não dá tempo. Acompanho o CS porque meu irmão joga bastante, torce para a FURIA, então sei como está o cenário por conta dele. No entanto, ir nos eventos é muito difícil, a rotina nos consome muito."

Lokinha conseguiu achar um espaço na sua rotina para ir ao Rainhas do Clutch. Lá, a veterana pôde presenciar a estrutura da LAN no Rio de Janeiro.

"Uma grande diferença que vejo em relação ao passado é a questão de estrutura em um campeonato regional. O Rainhas é um campeonato que atende toda a América do Sul, não só o Brasil, que é algo que não existia na nossa época. Era um campeonato de LAN ou, no máximo, um qualifier regional para outro no exterior."

"Não existia um campeonato desse tamanho no Brasil, então essa é a principal diferença. E você vê isso em estrutura como palco, telão. Nós precisávamos ir para ESWC, CPL, WCG, para presenciar uma estrutura como essa. Nós nem imaginávamos ter isso aqui", seguiu.

Enquanto valoriza a estrutura atual, Lokinha aponta que o desempenho das LadieS no passado tem participação no momento.

"Nós fomos exemplo de que era possível e que dava para seguir em frente. Até para os meninos que, naquela época, nós vencemos algumas coisas antes deles. Então eles olhavam e falavam "acho que tem alguma coisa boa aí". A nossa disciplina, dedicação com o jogo, era muito à frente do que todos estavam preparados antigamente. Muitas meninas se espelharam nisso para construírem seus times e chegarem onde estão hoje."

Entre mudanças e novidades, o cenário feminino atual e da época de Lokinha tem uma similaridade. Em ambos momentos, a comunidade tentava se consolidar e, com a saída da ESL Impact, o cenário sofreu um baque. A ex-jogadora falou desta busca.

"Acho que a introdução do feminino, não só no jogo mas também em áreas de trabalho em ramos específicos, vem acontecendo durante o tempo. Falamos de 20 anos, mas 20 anos é um espaço pequeno de tempo. Se você for olhar todas as conquistas, elas são de um passado muito recente, diferentemente do que um homem tem, por exemplo. Acho que nós precisamos estressar o assunto, falar sobre, incentivar as poucas meninas e mulheres que estão trabalhando nesse setor porque isso precisa prosperar de uma maneira maior. Na minha época, era exceção, hoje já não é tanto isso."

"Quero acreditar que para minha filha, que tem três anos, a exceção seja menor quando ela tiver 20. É uma construção. Ficamos triste por não podermos contar com uma estrutura equivalente à masculina porque é muito diferente, porém sinto que essa diferença era ainda maior em 2005 do que é em 2025. Fico muito feliz de ter contribuído com essa construção e de fazer parte disso, mas precisamos reforçar isso o tempo todo. Daqui a 20 anos, o cenário vai estar muito melhor do que hoje, assim espero. Estarei torcendo pelo cenário feminino e, quem sabe, talvez para a minha filha", acrescentou.

Lokinha reafirma que gostaria de ver a sua filha sendo uma jogadora profissional de CS no futuro, porém aponta uma preocupação.

"Eu conheci computador, iPhone, CS, quando já tinha uns 18 anos, a primeira ESWC que joguei eu tinha 21, mas hoje as crianças têm acesso desde cedo. Tem uma vontade, um desejo porque os pais são gamers, gostam de videogames, etc., mas temos essa preocupação também. A psicologia diz que você projeta no seu filho aquilo que você gostaria, então se ela tiver a oportunidade, seria legal, mas isso precisa ser trabalhado", concluiu Lokinha.

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