
drop sobre desabafo: "Não é novidade que sou mais esquentadinho"
André "drop" Abreu está de volta ao palco principal do Counter-Strike. Depois o time lotado de medalhões da RED Canids ter ficado de fora de Austin, uma versão menos "estrelada" conseguiu uma das 10 vagas das Américas. O mundial será o sexto da carreira de drop, o terceiro por um time diferente.
"É uma amostra de que, de alguma forma, o trabalho está sendo feito da maneira correta", disse drop em entrevista à Dust2 Brasil.
"Não ficar um hiato de um ano sem jogar um Major é algo bem significativo e espero que eu consiga, no futuro, continuar jogando e aumentar esse número de participações", completou.
drop disse que, com a escalação de Henrique "HEN1" Teles, João "felps" Vasconcellos e Marcelo "coldzera" David, o time não conseguiu se encontrar por conta do choque de personalidades.
"Quando você tem um time assim, você tem muitas personalidades, e as coisas acabam não saindo como todas as personalidades presentes no time gostariam. Dentro do servidor isso acaba se refletindo", explicou.
Na hora de fazer as mudanças necessárias, o time olhou para longe dos holofotes.
"Optamos por jogadores um pouco menos estrelados e montamos um time onde todos confiam em quem está ali jogando, todos confiam no trabalho que o tge faz, na call que passarei durante o jogo e nas coisas que conversamos no tático", disse.
"É bem satisfatório você ver que começamos um projeto do zero. Tivemos outras mudanças, tínhamos o ponter e trouxemos outro jogador depois, o coldzera saiu e trouxemos o history. Foram mais mudanças do que gostaríamos, mas alcançar o resultado que queríamos quando reformulamos o projeto foi muito satisfatório", completou.
O nosso santo bateu
Uma das chegadas pós "era das estrelas" foi a de Gustavo "tge" Motta, treinador da equipe. A química com drop foi tanta e tão rápida que o jogador decidiu homenagear tge em seu sticker do Major.
"Desde que o tge entrou somos muito próximos. Ele tem uma maneira de trabalhar diferente dos outros treinadores que eu tive. Gosto muito e tenho muita amizade com os outros treinadores com quem trabalhei, com ele é como se o nosso santo tivesse batido", explicou.
"Nos entendemos muito fácil dentro e fora do jogo, é uma pessoa que conseguiu um espaço muito rápido no meu coração, o meu respeito, e a homenagem é por conta disso e por ser o primeiro Major dele", continuou o jogador.
"Ele tem me ajudado bastante na parte de confiança comigo mesmo. Troquei muitas posições, meu modo de jogar e enxergar o jogo de CT e de TR com a ajuda dele. Nos entendemos muito bem", completou.
Sobrevivendo na selva
Depois da eliminação precoce no Circuit X, a RED Canids partiu para um período de bootcamp de 12 dias em Madri, na Espanha, para se preparar para o Major. De acordo com drop, o time conseguiu ter bons treinos como adversários de diferentes níveis.
"Treinamos bastante contra MOUZ, Aurora, FaZe, foi bem bacana. Tivemos acesso ao tier 2, a selva europeia, onde a galera tem muita mira, sai correndo para lá e para cá e você precisa pensar muito rápido", disse.
"Já sabíamos que seria difícil treinar contra times europeus, em um bootcamp é sempre muito difícil, as tomadas de decisão são muito rápidas e percebemos que, logo nos primeiros dias, estávamos realmente um passo atrás em alguns quesitos, em mapas em que não estávamos muito confortáveis", adicionou.
drop explicou o tamanho da diferença entre assistir um jogo nesse nível e treinar contra esses adversários.
"Viver a situação e não só assistir aos times tier 1 jogando campeonatos, pensando 'pô, quando acontecer isso eu vou fazer isso', realmente viver ali, na sua tela, treinar na segunda-feira, reassistir e na terça fazer diferente, num nível europeu, é uma experiência bem bacana", afirmou.
O foco, de acordo com drop, foi em equilibrar o trabalho em mapas de maior conforto e os de maior dificuldade.
"Se você olhar nas estatísticas, tínhamos dois mapas onde estávamos muito confiantes, Nuke e Mirage, mas acabamos perdendo algumas no período, mas vínhamos num streak muito bom. Estava vendo uma matéria da HLTV, com a nova line estávamos 12-3 na Nuke, então já era um mapa onde estávamos muito confiantes", disse.
"Mas, em outros, onde acabávamos não jogando tanto, seja porque o Brasil permitia que não jogássemos ou porque não gostávamos, acabamos deixando eles um pouco mais sólidos, e acho que viemos com um map pool interessante para conseguir desempenhar bem no Major", completou.
drop acredita que o tempo passado no treinamento intensivo foi o suficiente para a evolução do time.
"Tivemos uma boa quantidade de tempo. Até pensamos em fazer mais tempo, mas acabou surgindo a vaga do Circuit X e optamos por ter confrontos diretos, já pensando em pontos para o futuro. A quantidade de dias que ficamos foi bacana, não deu tempo de ficar cansado da rotina, de pensar em qualquer outra coisa, pensamos em ter os 12 dias para focar só em Counter-Strike, sem pensar em outra coisa, ficar botando a cabeça em mais nada e só pensar no nosso foco, que é o Major. E sabemos que o bootcamp pode ser enganoso", destacou.
"Acredito que tanto com a FURIA quanto com o MIBR já tivemos bootcamps excelentes e, quando chegamos no Major, não conseguimos mandar muito bem. É meio que uma sina do brasileiro. Quem tem o bootcamp perfeito acaba jogando mal no campeonato seguinte. Acredito que, em relação ao tempo, foi bom, os resultados foram tranquilos, bacanas para nós, e espero que consigamos mostrar o nosso aprendizado aqui no Major", continuou.
Boas chances
A RED não figura entre as favoritas, mas drop acredita que o time tem boas chances de avançar de fase.
"Como os dois primeiros jogos são MD1, sempre tudo pode acontecer. No MR12, você perde os dois pistols, perde um forçado e não tem economia para jogar o jogo, fica difícil e qualquer um pode ganhar", afirmou.
"Temos boas chances, não espero que passemos 3-0, temos times mais fortes coletiva e individualmente, que vêm de fases melhores, mas acredito que temos boas chances de nos classificarmos para o Stage 2 fazendo uma campanha sólida", completou.
Internamente, o time não colocou - ou não quis revelar -, nenhuma meta.
"Não conversamos sobre isso coletivamente, o que estamos mais focados é em conseguir aproveitar o Major. É uma experiência muito bacana, nova para o venomzera, para o tge. É fazer eles se sentirem confortáveis dentro desse ambiente e desempenhar o nosso CS", afirmou.
"Sabemos que cada um tem sua expectativa dentro de si, seja de classificar para o Stage 2, 3 ou playoffs, mas o importante para o coletivo é conseguir se manter bem, mostrando um bom CS e conseguindo evoluir, porque a carreira no CS é uma maratona. Independente de ganharmos ou perdermos nesse Major, daqui a seis meses tem outro e precisamos criar casca, ficar mais maduros, experientes e evoluir mais para correr essa maratona competindo com os que já estão lá em cima", seguiu.
O primeiro passo será diante da FNATIC, às 12h desta segunda-feira. drop imagina que a postura dos europeus será de propor o jogo.
"Espero que eles entrem bem confiantes. Normalmente, quando você joga contra times que são azarões, você põe na cabeça que precisa entrar confiante, fazendo o jogo logo de começo. Acredito que eles vão tentar fazer isso", afirmou.
"Eles têm jogadores muito bons individualmente, o blameF vem desempenhando absurdos. Provavelmente, por estar numa fase boa, por ser um dos mais experientes, ele possa tentar chamar mais o jogo e fazer mais do jogo dele, para deixar os meninos menos experientes mais confortáveis para jogar o jogo deles também", completou.
A pressão, de acordo com drop, está totalmente do outro lado.
"Nós faremos o mesmo aqui, jogando como azarão é ainda melhor, você não tem pressão e tira das suas costas o peso de tomar uma decisão difícil, dar um passo a mais. Acredito que ambas as partes têm um plano já traçado na mente e não vai ser um jogo muito fácil para nenhuma das equipes", disse.
Esquentadinho
drop, é claro, também falou do "desabafo" após o Circuit X Retake São Paulo. Em vídeo publicado pelo site DRAFT5 depois da eliminação, o jogador fala que o time "é muito ruim mesmo" e "vai ser ruim para sempre". O jogador não se esconde - esse é o seu jeito.
"Jogar um campeonato sempre é algo estressante para todos os jogadores que estão dentro do servidor. Não é novidade para ninguém que eu já sou mais esquentadinho, seja para o pessoal que assiste, para o que já jogou ou joga comigo. Aquilo foi mais um desabafo por conta de um momento que estávamos vivendo, não só no campeonato, mas dentro do servidor", afirmou.
"Eu já conversei com os moleques, com o treinador, sei que é algo que não deve acontecer. Se eu tiver algo para falar, tenho que fazer em particular e não daquela maneira. Mas são coisas que acontecem, não tem como voltar atrás e nem ficar se escondendo por algo que você já fez, já passou", continuou drop.
"Em relação ao time, estamos muito bem em relação a isso. É algo não para esquecer, mas para usarmos como aprendizado. Mais eu, no caso. Hoje somos um time mais maduro, tivemos um bootcamp aqui na Europa onde pudemos melhorar muitas coisas, tanto coletivamente quanto individualmente. Estamos mais maduros, mais confiantes do que estávamos lá, também seria o diferencial daquela para a RED de hoje", completou.
drop acredita que parte das críticas podem vir justamente por conta do seu jeito combativo.
"Não sei dizer ao certo, mas talvez sim, talvez as pessoas ficariam mais tranquilas se fosse um outro capitão, que já não tem um histórico de ser mais quente. Mas eu também não tenho problema nenhum com isso. É quem eu sou, minha maneira de lidar com as coisas. Quando isso acontece, é só aceitar e entender que eu sou assim. Se eu for provocado, eu vou responder, se eu ficar bravo vou acabar falando. Mas, é claro, tento manter um limite", finalizou.
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