
Snow: "Me elogiavam por gritar e hoje em dia me criticam, não dá para entender"
A carreira de João Vinícius "Snow" Bueno tem tomado algumas viradas de rumo ao longo de 2025. Por anos uma das figuras mais queridas da comunidade, o jogador passou a ser alvo de críticas de dentro e fora da torcida paiN. Prestes a estrear no StarLadder Budapest Major, ele não escondeu que algumas situações o incomodaram ao longo do ano.
"No começo foi muito difícil. Eu conversava bastante com minha família e meus amigos, porque isso me atrapalhava no jogo, era algo que me tirava de quem eu era", afirmou Snow em entrevista à Dust2 Brasil.
"Atualmente estou fazendo um trabalho com psicólogo para conseguir lidar mais com essas situações. É algo que não entendo. No meu começo a galera me elogiava tanto por gritar, por ser esse cara animado, e hoje em dia me criticam por fazer isso. Sinceramente, não dá para entender", continuou o jogador.
"Talvez seja pelos resultados, talvez por eu falhar em alguns jogos, mas é normal, não tem o que fazer. Não vou conseguir mudar a mentalidade das pessoas. Só tenho a agradecer a quem gosta de mim", completou.
As críticas ultrapassam o limite do razoável. Recentemente, uma foto publicada pela própria paiN no X (antigo Twitter) de Snow assistindo ao documentário da organização no cinema foi alvo de ataques que falavam, especialmente, do fato do time estar no Brasil e não treinando na Europa.
"Foi um dia livre em que a paiN lançou um documentário muito bacana sobre a lineup de LoL. Nós fomos convidados, eu quis ir e estava simplesmente participando de um evento da minha organização. O pessoal criticou e não tem muito o que fazer", disse.
Sobre a preparação no Brasil, Snow destacou a importância de se aproximar de entes queridos e também o período anterior a estadia no país.
"Antes de um campeonato importante, às vezes é bom passar um tempo com pessoas que você ama, principalmente família e amigos. Antes desse tempo no Brasil, estávamos há muito tempo na Europa, jogamos 3 ou 4 campeonatos seguidos e fizemos um mini bootcamp nesse período. Viemos passar um tempo no Brasil, treinamos e nos dedicamos aqui", contou.
As críticas, é claro, não são exclusivas a Snow. Elas se estendem aos companheiros e a organização, que está em seu melhor ano na história do CS, tendo chegado aos playoffs de eventos internacionais seis vezes em 2025.
"Em todo esporte, é normal você ter críticas, principalmente quando seus rivais, digo Legacy e FURIA, alcançam coisas como título. É normal que venham críticas, principalmente da sua torcida. As pessoas que torcem para o nosso time vão querer que a gente tenha os mesmos resultados, ou melhores", afirmou Snow.
"Quando você tem jogadores bons, uma lineup boa, a expectativa sempre fica lá no alto, tenho certeza disso. Faz parte do nosso trabalho, não tem muito o que fazer, o máximo que podemos fazer é nos blindar disso e nos manter como um time, uma família. É normal do nosso trabalho, normal que as coisas aconteçam assim", completou.
Com seis meses ao lado da atual escalação, Snow acredita que falta regularidade.
"Com essa lineup, tivemos uma sequência de altos e baixos. Conseguimos alcançar os playoffs de Major, depois não fomos tão bem em alguns campeonatos, mas voltamos a chegar em playoffs em outros. Estamos tentando ter a constância que essa lineup deve ter", disse.
"Sabemos que temos cinco jogadores capacitados para ter essa constância, de alcançar playoffs em vários campeonatos, e eu esperava que tivéssemos bons resultados como a gente vem tendo. Este Major é uma chance de provarmos para nós mesmos, e para quem gosta da gente, que podemos chegar aos playoffs de novo e que somos um bom time com certeza", adicionou.
A busca por terminar a temporada nos "altos", repetindo a grande campanha do último Major, começa no Stage 3 do Major. Snow sabe que a paiN não terá vida fácil.
"É uma fase em que alguns times que chegam do Stage 2 talvez estejam mais aquecidos, sabem melhor como está sendo jogar aqui, enquanto a gente chega um pouco frio, entre aspas, por chegar agora e já jogar contra times bons. Sabemos que a dificuldade vai ser bem maior do que em outros Majors", afirmou o jogador.
"É algo bom para a gente. Em certo momento, quando você joga um campeonato muito longo, às vezes bate um cansaço nas fases finais, e agora chegamos com um pouco mais de descanso, entre aspas, e bem preparados para jogar esta fase do Major", completou.
A estreia será diante da 3DMAX que, ao longo do ano, se tornou uma adversária constante da paiN.
"Jogamos bastante contra a 3DMAX ao longo dos torneios. Sabemos que é uma equipe boa, joga bem, às vezes chega em playoffs, e vai ser um jogo bem difícil. Vamos nos preparar bastante. É MD1, então precisamos entrar bem ligados, sabemos disso. Espero que a gente consiga trazer essa vitória, porque é muito importante começar bem no campeonato", disse.
E, na partida de estreia e nas outras mais, Snow terá motivação - e pressão -, extras. A mãe, o pai e a avó do jogador vão acompanhar o Major de perto pela primeira vez.
"É uma pequena parte de uma felicidade maior. É muito gratificante conseguir trazer meus pais para cá para que eles me assistam. Antes era só um sonho, agora consigo mostrar para eles que está se realizando", disse.
"É muito gratificante poder trazer minha família. Meus pais, e minha vó virá também. Com certeza é um pontinho de pressão a mais, todo mundo sabe disso, mas tentarei transformar isso em algo bom", completou.
E, para Snow, a paiN não pode ficar pensando em replicar a semifinal de Austin. O time precisa, em Budapeste, escrever uma nova história.
"É pensar passo a passo, não ficar com a cabeça lá na frente pensando só em tentar repetir o que aconteceu no último Major. Na minha opinião, o primeiro objetivo tem que ser chegar aos playoffs e, depois, o que vier, vamos trabalhar para conquistar o melhor resultado possível. Primeiro objetivo é chegar aos playoffs e, depois, o que vier, vamos trabalhar bastante para tentar alcançar uma final, quem sabe", finalizou.
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