Ministra do Esporte diz que esportes eletrônicos não são esportes

A nova ministra do Esporte, Ana Moser, afirmou que não considera que os esportes eletrônicos sejam esportes. Para a ex-jogadora de vôlei, a prática dos esports é, na verdade, entretenimento, e a pasta comandada por ela não deve investir na modalidade.

"Não tenho essa intenção (de investir), não. No meu entendimento, não é esporte", afirmou a Ministra em entrevista ao UOL.

"A meu ver o esporte eletrônico é entretenimento, uma indústria de entretenimento, não é esporte. Então, o que você fez (enquanto jogava videogame) foi se divertir, você não praticou esporte. Você se divertiu", disse Ana Moser em resposta a um dos entrevistadores, que a provocou dizendo que tinha praticado esporte durante o pico da pandemia jogando FIFA.

A Ministra rebateu um dos argumentos mais comuns usados para associar os esports ao esporte tradicional: a rotina de atleta que tem um jogador de videogame que atua em alto nível competitivo.

"A, mas o pessoal treina, mas eu falei esses dias, a Ivete Sangalo também treina para dar show e ele não é atleta da música, ela é uma artista, que trabalha com entretenimento", disse.

"O jogo eletrônico não é imprevisível, ele é desenhado por uma programação digital, cibernética. É uma programação, ela é fechada, não é aberta como o esporte", completou.

Ana Moser também afirmou que a ONG Atletas pelo Brasil, da qual a ex-jogadora foi atuante, "lutou" e "fez uma ação muito forte" para que o texto da Lei Geral do Esporte (PLS 68/2017), em tramitação no Senado, não deixe o conceito de esporte mais amplo, o que permitiria o encaixe dos esports. Em dado momento, o texto da PLS permitia esse encaixe mas, o texto atual no Plenário, fala apenas em "atividades predominantemente físicas".

"Ano passado a gente lutou, a gente que eu digo, eu na minha pregressa, a frente da Atletas Pelo Brasil. Fizemos uma ação muito forte junto ao Legislativo para o texto da Lei Geral (do Esporte) não ser aberto o suficiente para poder ter o encaixe dos esportes eletrônicos. O texto está lá, protegendo o esporte raíz", disse.

"(O texto da Lei Geral do Esporte) não tirou o esport porque ele não estava literal. Ele estava na definição de esporte, que tinha sido dada uma abertura que poderia incluir o esporte eletrônico. E nós fechamos essa definição. Não vou saber literal aqui, mas fechamos essa definição para não correr esse risco. Esse risco sempre acontece e é um trabalho constante", completou a Ministra.

Além de um encaixe na Lei Geral do Esporte, os esports tem seu próprio projeto de lei em tramitação no Senado: a PLS 383/2017, que trata da regulamentação da prática no país.