Magisk, da Falcons, durante a fase de grupos da IEM Katowice

Magisk compara SunPayus a device e explica transferência para Falcons

Jogador disse que espanhol é "nova versão" do tetracampeão mundial e responde críticas sobre entrada na organização arábe

Emil "Magisk" Reif já tem seu nome imortalizado na história do Counter-Strike, mas segue buscando novos desafios. Quatro vezes campeão mundial, o jogador decidiu por um movimento ousado - e criticado -, ao se juntar à Falcons. Os motivos, porém, são simples de explicar.

"Existem muitas pessoas que não entendem a mudança, eu entendo o porque as pessoas de fora questionam. Eu tive um longo período na Astralis onde eu estava lidando com ansiedade e isso faz com que seja muito difícil ser um profissional e ser feliz. A única pessoa que conseguiu me ajudar com isso foi o Lars (Robl, psicólogo da Falcons)", disse Magisk em entrevista à Dust2 Brasil.

"Ele foi a pessoa que fez com que eu me entendesse melhor do que qualquer um fez, e poder lidar com esse tipo de ansiedade, é difícil de explicar mas você precisa experimentar você mesmo para entender", completou.

Magisk também falou sobre a campanha do time na IEM Katowice, os desafios do início da equipe e comparou Álvaro "SunPayus" García a Nicolai "device" Reedtz. Veja a entrevista completa:

O time conseguiu chegar aos playoffs. O resultado já é importante independente do que acontecer na arena?

De tudo, o máximo de experiência que conseguirmos adquirir como uma equipe será importante. Quando viemos para esse campeonato nosso objetivo era jogar o máximo de jogos possíveis, porque queremos saber como estamos performando como um time, como está nosso map pool, acho que no final conseguimos nosso objetivo e cada vez mais que pudermos jogar vai ser um bônus. Agora como um time não temos muitas expectativas de vencer campeonatos, mas claro que também sabemos que se jogarmos no nosso melhor nível nós podemos ir muito longe.

No final, poder jogar no palco pela primeira vez como um time é uma lição muito valiosa para nós porque nós queremos conseguir vencer campeonatos, e para conseguir fazer isso precisamos de experiência nos palcos para saber como as pessoas vão reagir, como vão sentir, se estão confortáveis ou se estão mais estressadas de jogar no palco. Mas é, acho acho que muita gente não esperava que nós chegássemos nessa posição, mas claro que estamos muito orgulhosos e felizes de estar aqui porque é o primeiro passo na direção certa.

O resultado também ajuda a tirar a desconfiança que veio depois do resultado ruim na BLAST?

Claro que sempre vamos querer ir bem em todos os campeonatos, acho que a BLAST foi cedo demais para ter a expectativa de ir bem. Mesmo que não fomos a Londres, estamos orgulhosos de nós mesmos porque perdemos o primeiro jogo para a Astralis, onde não tivemos nem chance, mas foi um bom alerta e aprendemos muito dos mapas que jogamos e no dia seguinte estávamos jogando dez vezes melhor. Acho que o resultado não foi o melhor, mas o aprendizado foi mais valioso do que qualquer coisa. Digo que na verdade ficamos orgulhosos do resultado porque quase vencemos a Vitality e tivemos a chance de ganhar se tivéssemos jogado 5% melhor. Mesmo com o resultado ficamos orgulhosos, mas claro que sempre queremos ir melhor nos campeonatos.

E qual vem sendo a parte mais difícil nesse começo de time?

Acho que nossa maior dificuldade foram os fundamentos. Tínhamos muita bagunça saindo do spawn e conseguindo fazer nossas jogadas direito, o que claro que é algo ruim quando se joga no cenário principal de Counter-Strike. Acho que esse foi nosso maior problema. Tivemos boas conversas como um time, alguns jogadores melhoraram gradualmente nessas questões e também podemos ver que a performance do time melhorou.

Acho que essa foi nossa maior dificuldade, e também estamos perdendo muitas situações de vantagem, sei que é um problema "bom" porque significa que também estamos em boas situações, mas claro que precisamos conseguir converter esses rounds se quisermos estar entre os melhores times do mundo. Mas também acredito que com mais experiência que quanto mais experiência ganharmos como um time e quanto mais aprendermos, também vamos parar de perder esses rounds. Acho que esse é um problema de luxo para ter, no sentido de que temos muitas boas situações de vantagem.

Claro que é difícil, mas acho que também mostra que temos uma mentalidade forte, podemos perder muitos rounds bobos e ainda conseguir vencer um jogo, acho que isso é muito importante para nós como um time no começo, ter esses momentos difíceis em jogos pegados, quase sendo eliminados mas ainda conseguir vencer esses jogos. Têm muitas coisas boas para aprender tanto da BLAST como aqui.

Jogar com companheiros de outras gerações como SunPayus e BOROS te motiva?

Claro, é sempre importante quando se tem novos companheiros de equipe que antes de tudo você tenta os conhecer, dentro e fora do servidor. Quero aprender o máximo que eu puder, a ENCE era um bom time por um motivo, eles tinham muitas coisas boas e claro que se tiver coisas com que eu possa aprender eu adoraria escutar. É sempre importante quando se tem novos companheiros tentar ter o melhor dos dois mundos e tentar criar sua própria identidade dentro do time. No final, não podemos só jogar 100% como a ENCE nem 100% como a Vitality, então acho que é muito importante que a gente entenda o que era bom na ENCE, o que era bom na Vitality, tínhamos lados CTs muito bons, a ENCE tinha lados TRs muitos bons, então tentamos achar soluções de como implementar a maneira que nós pensamos na Vitality no CT e um pouco da ENCE no TR.

Acho que é muito importante quando se conhece pessoas novas que você tente aprender com eles, e acho que o SunPayus é um bom exemplo porque ele tem um entendimento muito bom se si mesmo, tem uma rotina muito boa, é muito profissional, ele me lembra muito o device; Ele sempre foi o melhor aluno na escola, se isso fizer sentido, sempre tentava aprender, estudava, sempre com boas rotinas, se cuidando. Ele me lembra muito do device e na primeira vez que joguei com ele eu falei 'essa é uma cópia do device' no sentido de como ele é profissional, e isso é uma coisa que eu respeito muito.

O que tem de especial no zonic que você quer sempre estar com ele?

Ele é obviamente o melhor treinador de todos os tempos por um motivo. Acho que um dos seus pontos mais fortes é que ele é muito bom em separar ser um amigo e ser profissional. Ele cria um laço no time que te faz sentir como se fosse uma família, você se diverte e aproveita o tempo junto, todos se dão bem, e no final todos respeitam. Ele me mandou calar a boca muitas vezes e quando ele fala isso eu sei que ele realmente está falando sério e essa é diferença para muitos treinadores, pode ser difícil achar esse equilíbrio entre ser amigo é ser o chefe.

Acho que ele cria essa relação no time que ninguém mais consegue, é claro que ele é um cara muito inteligente e trabalhador. Também acho que todo o modelo de performance que ele criou é muito importante para mim pessoalmente, me dá muito conforto, eu adoro estar perto de pessoas onde eu sei o que vou receber, e ele está fazendo isso já há cinco anos. Poder ser parte disso de novo foi muito importante para mim, e poder ser a minha melhor versão, poder aproveitar o jogo e me divertir, mas poder chegar em casa e ser um bom namorado. Ser feliz e ter uma boa energia quando eu estiver em casa com a minha família, todas essas coisas são razões de porque o modelo de performance é tão importante. Ele foca não só no Counter-Strike mas também fora do jogo.

Como você lidou com as críticas em relação à Falcons? Muita gente falou que vocês só foram para o time por causa de dinheiro.

Existem muitas pessoas que não entendem a mudança, eu entendo o porque as pessoas de fora questionam. Eu tive um longo período na Astralis onde eu estava lidando com ansiedade e isso faz com que seja muito difícil ser um profissional e ser feliz. A única pessoa que conseguiu me ajudar com isso foi o Lars (Robl, psicólogo da Falcons) ele foi a pessoa que fez com que eu me entendesse melhor do que qualquer um fez, e poder lidar com esse tipo de ansiedade, é difícil de explicar mas você precisa experimentar você mesmo para entender.

Quando se tem uma situação assim acho que sua primeira prioridade precisa ser você mesmo, e esse é o motivo que eu sei que se eu precisar ser o Magisk que joga bem, sendo um bom companheiro de equipe, mas também performando e ganhando grandes troféus, eu preciso estar com pessoas que podem estruturar as coisas e me dizer que preciso fazer exercícios de respiração, fazer meditação. Acho que isso é uma coisa que a comunidade não vê, e isso é também um motivo que eu entendo o porquê deles questionarem. No final, é o jeito que é. Eu decidi focar em mim mesmo e não focar no que as pessoas querem de mim. Quero ser feliz, quero fazer isso por muito tempo, e se eu quiser fazer isso por muito tempo preciso me priorizar em primeiro lugar e isso significa estar de bom humor, ter uma vida boa no dia a dia, ser um bom namorado. Se eu não tiver isso na minha vida não vou ser uma boa versão de mim, e sim talvez eu consiga ser profissional por mais dois ou três anos, mas eu quero fazer isso por 10 anos. Se eu quiser fazer isso por muito tempo, preciso ter essas coisas em mente e as pessoas podem não entender, mas no final acho que é mais importante focar em mim mesmo.

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