Troféu do GET no evento de lançamento da edição Rio (Foto: Gabriel Melo/Dust2 Brasil)

CBGE recebeu R$ 4,5 milhões do Governo do Rio para fazer GET

Confederação busca outros R$ 5,4 milhões via Lei de Incentivo ao Esporte

Hoje 20:43 - Atualização: Após a publicação da matéria, o então secretário-geral da CBGE Paulo Rebelo Pereira Volpini Castanheiro entrou em contato com a reportagem informando que renunciou do cargo em 15 de abril de 2023. Castanheiro enviou a carta de renúncia à reportagem

Primeiro dos eventos internacionais de esports que acontecerão no Rio de Janeiro neste ano, o Global Esports Tour (GET) Rio está recebendo aporte público do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Foram repassados R$ 4,5 milhões à Confederação Brasileira de Games e Esports (CBGE) pela Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (SUDERJ) como termo de fomento.

Os documentos do projeto GET Rio, obtidos pela Dust2 Brasil via Lei de Acesso a Informação (LAI), mostram que o valor repassado para a CBGE pela autarquia subordinada à Secretaria de Estado de Esporte Lazer (SEEL) foi de R$ 4.527.698,70 e será utilizado para pagar a Global Esports Federation (GEF) pela licença do evento no valor de US$ 500 mil (R$ 2.527.698,70) e para arcar com parte da execução do evento (R$ 2 milhões).

Os custos do GET Rio

No pedido que fez ao Estado do Rio, ainda em 2023, quando inicialmente o evento aconteceria, a CBGE informou que, para a realização do GET Rio, necessitaria de R$ 10 milhões. Mas o valor total não foi solicitado à SEEL e à SUDERJ. A confederação buscou aporte público no valor de R$ 4.527.698,70. Quanto aos R$ 5.472.301,30 restantes, a entidade tentará conseguir via de Lei de Incentivo ao Esporte.

A CBGE apresentou à SEEL e à SUDERJE uma planilha com os gastos que serão cobertos pelos R$ 4,5 milhões do termo de fomento. Destaque para os R$ 805.402,85 que serão destinados à própria confederação pelo licenciamento de marca e salários do comitê organizador local, que variam entre R$ 10.702,44 a R$ 67.497,78.

Veja abaixo:

  • Passagens aéreas nacionais - R$ 58.000,00

  • Hospedagens - R$ 116.000,00

  • Licenciamento CBGE - R$ 300.000,00

  • Equipe executiva do comitê organizador local - R$ 505.042,85

  • Assessoria de marketing - R$ 250.000,00

  • Assessoria de gestão, administração e prestação de contas - R$ 260.000,00

  • Internet - R$ 311.550,00

  • Documentação e segurança - R$ 60.350,00

  • Locação de computadores gamer - R$ 201.550,00

  • Licença do Global Esports Tour - R$ 2.464.408,85

Salários da equipe da CBGE que serão pagos pelo fomento público (Foto: Reprodução/Sistema Eletrônico de Informações)

Aluguel do Maracanãzinho

No primeiro Plano de Trabalho apresentado ao governo estadual, a CBGE deixou claro que o Parque Olímpico do Rio de Janeiro seria um dos espaços da cidade capaz de hospedar o GET Rio. Porém, este não foi o local pedido inicialmente pela confederação. O plano era que o evento acontecesse no Estádio de Remo da Lagoa (Lagoon).

Porém, devido a demora na resposta das autoridades, a CBGE fez outro pedido, agora para que o Maracanãzinho recebesse o evento. Por isso, ainda em 2023, a confederação orçou com o Consórcio Maracanã a locação do ginásio e valor dado pelos responsáveis foi de R$ 282.674,08.

Conferência, festival e outras modalidades

Além dos campeonatos de esports, a CBGE apresentou ao governo a vontade de realizar uma conferência, a GEFCon, e um festival, o GEFestival, com a promessa de que as três atividades seriam prestigiadas por 20 mil pessoas no total.

E o CS2 não foi a primeira modalidade pensada pela CBGE para o GET Rio. O plano inicial era que o evento contasse com torneios de Honors of King, VALORANT e Fortnite. Foi a própria confederação que informou as autoridades a mudança para o FPS da Valve, solicitando também ajustes nas datas sob a justificativa que foi um pedido da GEF.

Ligação com a DreamHack Rio 2019

A DreamHack Rio 2019 foi a primeira LAN internacional de CS:GO a acontecer no Rio de Janeiro e, por mais que não tenha sido organizada pela CBGE, pessoas ligadas ao comitê organizador do campeonato de cinco anos atrás fazem parte da atual direção da confederação.

O evento de 2019, à vista do Governo do Rio de Janeiro, foi de responsabilidade da Federação do Estado do Rio de Janeiro de Esportes Eletrônicos (FERJEE), na época presidida por Paulo Roberto Ribas, atual mandatário da CBGE. Mas a ligação entre os dois campeonatos não para por aí.

DreamHack Rio 2019 teve cadeiras de plástico para a plateia (Foto: Roque Marques / Mais Esports)

Com base no estatuto da FERJEE de 2018, enviado pela entidade ao Governo na época e obtido pela reportagem, assim como o da CBGE de março de 2023, outros quatros nomes ligados direta ou indiretamente à federação aparecem no estatuto enviado pela confederação ao Estado do Rio em maio do ano passado.

Dos cinco, o único que não faz mais parte da CBGE é Paulo Rebelo Pereira Volpini Castanheiro, então secretário-geral, que renunciou em abril de 2023, isto é, após a CBGE entrar com o pedido no governo estadual. A entidade não enviou um estatuto atualizado as autoridades.

Veja abaixo:

  • Paulo Roberto Ribas - ex-presidente da FERJEE e atual da CBGE

  • Samuel Leandro de Araújo Silva - conselho fiscal da FERJEE e atualmente no da CBGE

  • Edésio da Silva Oliveira - diretor financeiro da FERJEE e ocupa mesma função na CBGE

  • Paulo Rebelo Pereira Volpini Castanheiro - advogado que confeccionou o estatuto da FERJEE e ex-secretário-geral da CBGE

  • João Luiz de Aguiar Pott - gerente de esports da DH Rio e atual vice-presidente da CBGE

O que diz a CBGE

Em contato com a reportagem, a confederação confirmou que já recebeu o valor total do termo de fomento e que irá cumprir "diligentemente" com a prestação de contas dentro dos prazos estabelecidos por lei. Sobre já ter obtido alguma quantia via Lei de Incentivo ao Esporte, a entidade disse não poder responder no momento por se tratar de uma informação confidencial.

A CBGE também explicou o que levou à escolha do Maracanãzinho e não ao Parque Olímpico: "Estamos ansiosos por evocar a essência e a majestade do Rio de Janeiro e do Brasil, em consonância com a magnitude deste evento internacional, concluímos que não há escolha mais emblemática do que o icônico Complexo do Maracanã - o mesmo complexo onde foi realizada a Cerimônia de Abertura Olímpica - para esta celebração dos esportes eletrônicos".

Em contrapartida, a confederação foi evasiva se irá ou não realizar torneios de Honors of Kings, VALORANT e Fortnite ao dizer que várias modalidades foram consideradas para o evento e que, embora a edição de 2024 apresentará o CS2, é importante ressaltar que isso não exclui a possibilidade de incorporar outros títulos no futuro.

"Também é importante lembrar que este evento será realizado no Brasil por três anos consecutivos. Temos estima e apreço por todas as modalidades de esportes eletrônicos, visando promover o crescimento abrangente de toda a comunidade. Essa é, essencialmente, a missão da CBGE", completou, mas sem responder se avisou ao governo estadual sobre as mudanças.

Por fim, a CBGE garantiu que realizará a conferência e o festival prometidos: "Os horários do GEFcon e do GEFestival e outras notícias emocionantes serão anunciados nos próximos dias".

Leia também

Você precisa estar logado para fazer um comentário.