aKakarota e DVKing são dois crias do Rio que trabalham com esports (Foto: Gabriel Melo/Dust2 Brasil)

Os crias do esports: conheça aKakarota, BLACKWILL, DVKing e MEDUSA

Com muitos eventos, Rio de Janeiro apresenta novos profissionais para o mundo gamer

Cidade natal do icônico MIBR, o Rio de Janeiro vem despontando nos esportes eletrônicos nos últimos aos não só pela quantidade de eventos, principalmente os internacionais, mas também por se mostrar celeiro de profissionais variados, desde os jogadores, até apresentadores, comentaristas, narradores, organizadores de campeonatos e muito mais.

Só no Maricá Games, segundo evento a acontecer no estado com uma LAN de CS2, estão dezenas de profissionais de locais variados no Rio de Janeiro. Exemplo disso é que, para atender todas as modalidades que estão sendo jogadas, foram contratados 22 casters fluminenses.

Quatro deles terão um pouco da história contada pela Dust2 Brasil: Dayane "MEDUSA" Amaral, Flavia "aKakarota" Coelho, Marcos "DVking" Cruz e William "BLACKWILL" Prazeres.

BLACKWILL e MEDUSA são crias de Duque de Caxias, município que Baixada Fluminense e que integra a região metropolitana, enquanto aKakarota é de Maricá e DVKing o único da capital, residente de Irajá.

Antes de se tornar apresentador nos esports, BLACKWILL trabalhou com moda, artes cênicas e também foi militar. Os gamers apareceram como escape para os problemas da vida real: "Uma espécie de salvação. Existiu um momento no qual eu só jogava para poder me distrair e esquecer de tudo. E eu mal sabia que, no futuro, isso mudaria a minha vida".

BLACKWILL, que foi apresentador do GET Rio, esteve no Maricá Games curtindo o evento (Foto: Gabriel Melo/Dust2 Brasil)

Assim como o conterrâneo, MEDUSA teve diversas atividades tradicionais até que chegou nos esports após largar tudo em busca do sonho. "Minha trajetória é bem complicada porque sou mãe solo e sempre fui autônoma, trabalhando com tudo para sustentar meus filhos. Quando eu decidir ir para os esports eu larguei tudo sem saber como ia ser, qual seria o retorno. Só me arrisquei e botei a minha cara", contou.

aKakarota foi uma estudante da Universidade Federal Fluminense (UFF) que tinha o sonho de se tornar jogadora profissional, mas realmente se encontrando nos esports em outras áreas. "Na pandemia tentei ser jogadora profissional de LoL, mas não funcionou muito bem. Depois eu comecei a fazer live, onde passei a 'narrar' algumas partidas de cards games e FPS. E minha primeira experiência foi no acaso, tendo que cobrir um narrador em um evento de Legends of Runeterra da comunidade no qual eu já estava trabalhando", explicou.

Outro que começou nos esports também com o sonho de competir profissionalmente foi DVKing. "Tentei jogar lá com meus 15 anos, só que teve um pessoal que era melhor, tipo o FalleN, não cheguei a me destacar tanto. Acabou que fui para a criação de conteúdo e a partir de uma 'brincadeira' em um lobby comecei a narrar. Com feedbacks da Babi comecei a pegar gosto e investir na narração", afirmou.

MEDUSA é uma das apresentadoras do Maricá Games (Foto: Gabriel Melo/Dust2 Brasil)

Apesar dos motivos distintos que as levaram aos esports, aKakarota e MEDUSA enfrentam desafios semelhantes na carreira: a discriminação que há com as mulheres em quase todas as profissões dos esports.

"Atualmente parece que tem uma resistência muito grande quanto as vezes femininas dentro do jogo. Se você tem uma comentarista mulher, na cabeça de parte do público é impossível que ela entenda do jogo. Esse é um pensamento que, infelizmente, grande parte da comunidade ainda tem. Se você é mulher é quer ou comentar, ou narrar, a voz incomoda e você 'precisa' ter o elo mais alto independente do jogo para pode falar. Isso é até um capacitismo por parte do público", opinou.

Na mesma linha, MEDUSA também citou a centralização dos esports em São Paulo: "A primeira dificuldade é conseguir se manter porque são poucos trabalhos que fazemos no Rio de Janeiro, tendo que recorrer a criação de conteúdo a fim de atender marcas que estão em São Paulo. Além disso, ir voltar tarde dos eventos com o perigo que existe nas ruas para as mulheres e deixar meus filhos sozinhos. Então não é fácil como mulher e mãe de modo geral."

aKakarota e DVKing em ação no Maricá Challenge (Foto: Gabriel Melo/Dust2 Brasil)

Além do Maricá Challenge, já foi realizado no Rio de Janeiro a Copa Carioca de Esports, o Global Esports Tour (GET) Rio 2024. Mas não para por aí já que no calendário estão programados eventos com CS2 até outubro, como a próxima IEM Rio e o Rainhas do Clutch.

Para DVKing, ter um calendário recheado ajuda não só os próprios profissionais de casting, mas no geral. "É como eu gosto de falar: sou uma engrenagem dentro de uma engrenagem que faz uma ainda maior girar e fazer o show acontecer. Então, fomenta o cenário. Além disso, serve de inspiração para os mais jovens, como aqui em Maricá, onde crianças percebem que dá para viver dos esports não sendo necessariamente um jogador profissional. O Rio precisava disso e temos estrutura, tanto que o Major foi aqui", avaliou.

E com o fato do CS, desde o primórdio, ser uma das modalidades de esports mais jogadas no Rio, o título pode abrir portas ainda maiores já que grandes eventos do jogo estão acontecendo pelo estado.

"Eu vejo como um futuro muito claro e sempre falei isso. Apesar de ter começado no futebol virtual e ter passado por outras modalidades que também têm coisas legais, o CS é um jogo que sempre imaginei porque me identifiquei talvez pela idade, maturidade e pela forma que a comunidade se comunica. Sinto que posso contribuir para a cena e tem espaços que posso preencher muito bem como comunicador no geral. É um jogo que vem abrindo portas sem eu perceber e de uma forma que eu não esperava", afirmou.

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