
FalleN fala sobre potencial de molodoy e escolha de internacionalização da FURIA
Nos últimos meses a FURIA passou por muitas mudanças, organização internacionalizou sua equipe de CS e já voltou aos playoffs de um grande torneio depois de sete meses. Em entrevista à HLTV, Gabriel "FalleN" Toledo falou sobre como está sendo a adaptção de Danil "molodoy" Golubenko e seu potencial como star player, explicou a decisão de contratar jogadores estrangeiros e disse que o Brasil está com falta de grandes awpers.
FalleN contou que a comunicação de molodoy está sendo boa, e que mesmo com algumas falhas, ele já vem fazendo a diferença.
"A comunicação no jogo é muito fácil na maioria das vezes, porque as palavras que dizemos são muito básicas, e ele joga muitos jogos de FACEIT online, então está meio acostumado com esse ambiente. Eu diria que na maioria das vezes ele não perde a comunicação, isso é importante. Sinto que, embora ele tenha tido algumas falhas em alguns jogos, houve jogos em que ele decidiu muito por nós."
"Ele é um jogador muito inteligente em termos de conectar as coisas sem precisar de muita microanálise, o que eu acho muito importante. Ele consegue ter uma visão geral enquanto joga as rodadas, e acho que isso é algo que você ou tem ou não tem, então estou muito feliz com isso. Eu o consideraria alguém que precisa evoluir com o tempo. Claro, tenho expectativas e esperanças de que ele possa ser um jogador estrela para nós no futuro, e quanto mais rápido isso acontecer, melhor para nós, mas é algo normal que precisa ser desenvolvido. Ele precisa de mais jogos na primeira divisão, precisa de mais jogos sob pressão, e a equipe e a comissão técnica estão aqui para ajudá-lo com tudo o que pudermos, porque acreditamos muito no seu potencial."
Em abril a FURIA contratou molodoy, jogador do Cazaquistão, e Mareks "YEKINDAR" Gaļinskis, da Letônia. FalleN explicou o motivo que a equipe decidiu seguir com jogadores estrangeiros, e disse que a internacionalização era a única opção por dificuldades em contratar jogadores brasileiros.
"A última vez que conseguimos montar o time dos sonhos brasileiro que queríamos foi em 2017-18, quando estávamos na SK e contratamos os jogadores da Games Academy, TACO e fnx. Senti que aquela foi a última vez que conseguimos reunir jogadores muito, muito bons de cada time. Depois disso, tivemos a oportunidade de tentar trazer o KSCERATO e o Yuurih da FURIA em algum momento, mas isso nunca aconteceu, então esse foi o primeiro momento em que não conseguimos reunir os melhores jogadores brasileiros."
"Depois disso, acho que surgiram algumas outras oportunidades, mas elas não aconteceram na maioria dos casos porque as rescisões são muito caras. Alguns dos jogadores que surgiram recentemente vieram de times da base, e normalmente, jogadores da base assinam contratos que não fazem jus às suas carreiras, na minha opinião", continuou.
"De um ponto de vista, você pensa: 'Estou recebendo uma oportunidade deste time e vou assinar um contrato enorme, que vai ser bom para mim', e isso é verdade, você pode ver dessa perspectiva. Mas, por outro lado, às vezes os valores de transferência não são realmente definidos, então acho que os jogadores brasileiros que vêm das categorias de base e de equipes brasileiras se beneficiariam de ter alguns padrões sobre o valor máximo que esses preços podem atingir. Porque, uma vez que um jogador se desenvolve, ele fica meio preso ao seu próprio time e, às vezes, digamos que os outros jogadores simplesmente não estão no mesmo nível que ele. Aí, os times brasileiros nunca conseguem reunir os melhores jogadores de uma só vez."
"Então, sim, um dos motivos pelos quais nos internacionalizamos é porque temos muito mais opções. O YEKINDAR, por exemplo, não estava jogando nada e está muito pronto para o tier-1, é um jogador superbom e estava lá fora. (Em termos de) jogadores europeus, que falam inglês, você tem muito mais oportunidades e jogadores para escolher", complementou.
FalleN também ressaltou que essa dificuldade de contratar jogadores brasileiros e as altas multas estão atrapalhando o cenário brasileiro.
"Sim, neste momento, estamos perdendo o fator-chave. Pessoalmente, tenho sido um dos melhores awps do Brasil nos últimos anos e não tenho jogado tão bem quanto os melhores awps do mundo. Isso é um fato, não tenho problema algum em dizer isso. Estamos realmente sentindo falta de ter um jogador estrela em termos de awpers, e também o fato de não conseguirmos combinar os melhores jogadores brasileiros. Aí você nunca sabe até onde isso poderia ter ido, mas acho que o principal fator é o awp."