
insani após bootcamp de um mês: "Podem esperar um time, não cinco jogando juntos"
Quando o MIBR entrar no servidor para enfrentar a Imperial neste sábado, às 12h, o time encerrará um período de mais de 30 dias sem jogar uma partida. Isso não quer dizer que eles estavam parados - todo esse tempo foi passado em Belgrado, na Sérvia, num intensivo para transformar o time. Felipe "insani" Yuji garante que o MIBR chega diferente no StarLadder Budapest Major.
"Dá para esperar um MIBR que teve tempo de treino", disse insani em entrevista à Dust2 Brasil durante o media day do Stage 2.
"Nesse um mês de bootcamp aqui na Europa, tivemos uma boa rotina de treinos, alinhamos muita coisa, conversamos, e vocês podem esperar um time de verdade, não cinco jogadores jogando juntos sem ter tudo alinhado", completou.
De acordo com insani, o bootcamp não teve um foco específico e o time o trata como o começo de uma caminhada.
"Como estamos no começo do time, temos que trabalhar mais com o passo a passo, alinhando as coisas que temos e, a partir do momento que alinhamos o que temos, adicionamos algumas coisas e, quando adicionamos tudo que precisamos, começamos a aperfeiçoar", afirmou.
"Primeiro precisamos conhecer como o time vai jogar, como será a identidade, para daí decidir o map pool, os mapas em que estamos mais confortáveis, táticas que precisamos tirar ou mudar. É sempre um passo a passo quando mudamos de time e precisamos de tempo para fazer essas coisas. Um mês pode ser um tempo muito bom de bootcamp, é tempo suficiente para fazer um bootcamp, mas não é o suficiente para formular um time por completo", continuou.
E, nesse passo a passo, o MIBR já deu uma andada.
"Um time sempre precisa estar em evolução, você nunca consegue chegar em um pico em que não tenha mais onde evoluir. Nós conseguimos alinhar o map pool, as nossas táticas, nosso playbook, e estamos nesse passo em que temos coisas que sabemos que são boas, nossos confortos, mas ter uma grande variabilidade nas coisas que você tem dentro do jogo, ou fugas quando algo não está dando certo, é um pouco mais difícil de lidar quando você já tem um time completo", contou.
"Quando você tem um time 100% você precisa focar mais em ter essas rotas de fuga quando algo não está dando certo. E quanto mais você tem, melhor o time, e esse é o passo que precisamos dar", seguiu o jogador.
E a evolução passa também por entender que não é só o resultado final - mesmo que estejamos em um Major -, que importa.
"Uma coisa muito importante que precisamos levar em consideração é que o resultado em si é algo que não temos controle, então ele nunca dirá exatamente como estamos performando. Dentro de um campeonato não teremos tempo para praticar coisas", afirmou insani.
"Algo muito importante é a conversa, o review e colocar horas dentro do CS, botar esse esforço, nem que seja fora do jogo, conversando sobre coisas que deram errado e que podemos mudar. Botar as horas e, fora do nosso horário de treino ou jogo, continuarmos tendo conversas e agindo como um time para buscar a evolução", continuou.
E, apesar do longo período, o time também se policiou para não ser engolido pelo trabalho.
"Vivemos buscando opiniões da nossa nutricionista e da nossa psicóloga e, dentro de um bootcamp, ainda mais para nós que estamos fora de casa, a milhares de quilômetros de distância, precisamos de equilíbrio entre o trabalho e estar bem psicologicamente, porque é um período que desgasta muito", disse o jogador.
"Sempre temos de ter equilíbrio, sair para jantar, beber, conversar sobre outra coisa, ter nossos momentos em que vamos deixar o computador de lado e fazer alguma coisa, um exercício. Esse equilíbrio, como estamos em períodos muito intensos de treinos, também é uma parte primordial", completou.
Esses momentos também são importantes para a comunicação - desde a chegada de Aleksei "Qikert" Golubev e Klimentii "kl1m" Krivosheev, em agosto, o time passou a se comunicar em inglês. Mesmo na hora da "resenha", eles não esquecem dos estrangeiros.
"O clima fora do jogo de um time é indispensável. Não existe um time que consiga ser top do mundo sem estar feliz um com o outro. Nós passamos mais tempo juntos aqui do que com a nossa família, e acaba que o time vira a sua família, e você precisa estar bem e saudável com eles", contou.
"Precisamos nos forçar a fazer coisas em time, mesmo que não estejamos falando nossa língua nativa. Claro que nós, brasileiros, estamos numa resenha ali, conversando, puxamos algo em português, mas é sempre bom prestarmos atenção e incluir todo mundo", disse.
Segundo insani, porém, a comunicação em inglês já melhorou "200%".
"A tal da “language barrier” sempre vai existir, vão ter palavras que não conseguimos falar ali na hora, mas as palavras-chave, em que uma palavra já explica bastante a situação, e os protocolos, estão nos fazendo lidar muito bem com isso, e nossa comunicação melhorou 200% desde que criamos o time", explicou.
E tanto Qikert como k1lm tem somado muito para o time, contou insani. A ajuda de Qikert, campeão mundial em 2022, vem em momentos chaves, especialmente após os treinamentos.
"Ele tem nos ajudado bastante. Os cinco jogadores, incluindo o jota (jnt, treinador do MIBR), têm bastante proatividade e bastante voz dentro do time. Sempre temos essas conversas e trabalhamos com o conceito de time", afirmou.
"Fizemos mudanças, alteramos como praticamos nosso tático e como fazemos o review. Nesse momento, o Qikert tem bastante voz, chegou com bastante coisa nova e trouxe discussões que não tínhamos antes. Ele chegou para somar na parte tática", completou.
Já a ajuda de kl1m vêm, principalmente, na bala. insani rasgou elogios ao companheiro e disse que jamais viu um nível individual tão alto ao seu lado.
"Desde que o kl1m entrou no time e tivemos os nossos primeiros treinos e jogos, eu vi na tela dele que ele é diferenciado. Ele é um moleque absurdo, novo ainda, meio inexperiente, mas o individual dele é coisa de outro mundo, arrisco dizer que nunca tinha visto antes. Eu tenho muita confiança nele", disse.
"Temos que trabalhar juntos porque precisamos trabalhar todos os pilares de um jogador: individual, inteligência, mental, e essas coisas vamos amadurecendo como time e como indivíduos. Eu quero estar ao lado do kl1m para presenciar ele se consolidando. O individual é absurdo. Tanto de rifle quanto de AWP, ele é muito bom", continuou o jogador.
E, com essa preparação intensa e bem entrosado, o time chega ao Major com um objetivo definido: chegar aos playoffs.
"O que sempre visamos chegando num campeonato é cumprir nossas expectativas. Essas expectativas não são completamente correspondentes a resultados, e sim a como vamos nos sentir após acabarmos o jogo. Viemos confiantes, para ganhar e para passar para o Stage 3. Meu objetivo é chegar nos playoffs deste Major, pelo menos, e esse vem sendo meu objetivo faz um tempo", disse.
"Acredito que, tanto para mim quanto para os moleques, o objetivo é chegar nos playoffs, mas, aconteça o que acontecer, quando o jogo acabar, quando deitarmos na cama e formos dormir, precisamos ter certeza de que demos nosso máximo e deixamos tudo que tínhamos dentro do servidor. Essa é a coisa mais importante se tratando de competição", seguiu.
Para ajudar - ou não -, a estreia será diante da Imperial, uma velha conhecida de insani e da Imperial.
"Para ser sincero, eu não tenho preferência de pegar a Imperial ou outro time que vem do Stage 1. Por ser a Imperial, um time contra o qual jogamos bastante, conhecemos como eles jogam e eles conhecem como jogamos também. Já nos enfrentamos anteriormente. Como sempre, precisamos focar mais no nosso, no que vamos fazer, no nosso individual e no nosso coletivo, do que em quem vamos jogar. É assim que entramos para o jogo de amanhã", contou.
E, para insani, este Major é "muito importante" - e pode ser também para essa escalação, já que Qikert só tem contrato até o final do ano. O astro do MIBR, porém, não está muito preocupado com o futuro, nem o dele e nem o do time.
"Esse Major é muito importante para mim. Apesar de ser o último campeonato do ano e termos, no momento, dois jogadores sob contrato de empréstimo, sinto muita confiança no nosso time e sei que conseguimos chegar em muitos lugares juntos", cravou.
"Estou confiante, focado nesse Major e em encerrar a temporada de forma positiva, visando nosso começo de temporada no ano que vem. Se formos bem nesse Major, conseguimos alguns invites ou melhorar nossa posição no ranking. Esse é meu maior foco agora. Os próximos passos são preocupações do 'eu do futuro', estou deixando de lado por enquanto", finalizou.
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