Tacitus, do Fluxo, durante o StarLadder Budapest Major

Map pool raso prejudicou Fluxo no Major, diz Tacitus

Treinador disse que time demorou para aparecer após dia perfeito e projetou 2026

O StarLadder Budapest Major do Fluxo começou empolgante, mas terminou frustrante. A equipe viu a campanha de 2-0 terminar num 3-2 num terceiro mapa no último jogo. Para Marcos "Tacitus" Castilho, o map pool raso prejudicou o time.

"Sendo bem sincero, nas md1s não focamos tanto nos adversários, focamos no nosso map pool e, na md1, não jogamos tantos mapas. Quando virou md3, sentimos um pouco de dificuldade, principalmente na Inferno, que foi um pouco explorada. Sentimos dificuldades contra a FlyQuest também", afirmou o treinador em entrevista à Dust2 Brasil.

"O map pool um pouco raso nos prejudicou. Com esses ajustes de um dia para o outro, colocamos alguns band-aids e, de fato, fizemos um jogo melhor (contra a FaZe)", completou o treinador.

O leque de mapas, segundo Tacitus, estará no foco do time após as férias do fim de ano.

"É buscar aprofundar o map pool, que fez muita falta esse semestre. Sofremos muito tendo mapas fracos e sendo explorados nisso. É fazer isso diferente e torcer para que, no semestre que vem, sejamos mais constantes e sólidos e tragamos mais orgulho para a torcida do Fluxo", disse.

Gostinho amargo

Para Tacitus, o principal problema não foi exatamente não ter fechado a série contra a FaZe, mas ter perdido as primeiras oportunidades, contra FlyQuest e NIP.

"A grande realidade é que não aparecemos para as duas primeiras md3. Falhamos individualmente e coletivamente, muitas coisas não fluíram como normalmente fluem. Hoje conseguimos apresentar um jogo que, se tivéssemos apresentado nos últimos dois dias, em algum momento teríamos fechado alguma md3. É triste que essa apresentação nossa ficou para o último dia", explicou.

"A sensação que fica é de tristeza porque estávamos 2-0, mas, se olharmos o contexto do campeonato e falássemos que cairíamos 2-3, perdendo para NIP, FaZe e ganhando de times europeus - a primeira vitória europeia da organização foi nesse Major -, em outro contexto talvez estivéssemos menos chateados, mas, no contexto atual, não temos ninguém satisfeito no time. Sabíamos que deveríamos passar depois do primeiro dia. Faltou pouco, fica um gostinho amargo", continuou.

Pecado

Para a série decisiva contra FaZe, Tacitus acredita que o time não teve "proficiência" e "tranquilidade" para fechar o jogo.

"A Inferno, apesar de ter tido um placar mais elástico do que os últimos dois mapas, os rounds estavam muito para nós. Internamente, nós estávamos falando que o jogo não estava difícil, só estávamos perdendo rounds completamente favoráveis. Na Nuke, poderíamos ter tido um placar bem mais elástico para nós, poderíamos ter dado 13-3 se convertêssemos os rounds que sabíamos que deveríamos converter. A Mirage estava, de fato, elástica, 10-4, mas é aquilo. Esses caras já voltaram 11-1 na LAN, em Cologne, e hoje fomos mais uma vítima", disse.

"Faltou um pouco de proficiência da nossa parte, de tranquilidade. Tentamos utilizar os pauses, conversar e respirar, mas, em pequenos detalhes do round, nós pecamos e, contra esses caras, não podemos pecar. Faltou realmente um pouco, mas fica a experiência para o próximo", complementou.

Tacitus e Lucaozy após a eliminação

Tacitus, porém, não sente que o time sentiu o "fantasma" do 2-0 virando 2-3 na hora de fechar o jogo - o problema foi a euforia.

"Entendemos que esse jogo era muito mais importante para a FaZe do que para nós. Acho que ninguém fora do time colocava grandes expectativas no Fluxo para esse Major, e estávamos lá, brigando. A FaZe tinha a obrigação de estar no Stage 2, Stage 3. Nós jogamos leves, sabendo que a pressão estava neles e tínhamos que fazer o nosso jogo. Estar 2-2 começando 2-0 não muda nada, continua sendo um 2-2. Encaramos somente como uma md3 contra a FaZe", afirmou.

A partir do momento que ficamos 10-4, talvez pingou um pouco de euforia que nos fez não colocar tanto carinho nos rounds e pular etapas que geralmente não pularíamos em treinos. São detalhes que custaram a decisão", continuou.

Balanço

Apesar da frustração evidente, Tacitus sabe que o Major não foi de todo mal para o Fluxo, que era tido pela maioria como um potencial 0-3.

"Nesse exato momento é difícil sentir felicidade, então não tem como avaliar isso. Ficamos incomodados, frustrados, mas, pensando e englobando todo o contexto do semestre, de um time que começou perdendo para a Dusty Roots, ex-W7M, sofrendo derrotas difíceis; no Circuit X, sofremos para ganhar da Yawara, perdendo para a RED, e chegar no Major e competir, vencer duas md1s de times europeus muito acima de nós no ranking", disse.

"Daqui a uma semana eu vou olhar para o retrospecto e falar que foi ok, principalmente ao comparar com o primeiro Major do ano. Agora fica a frustração, mas talvez o Tacitus do futuro fique contente com o que aconteceu no final deste semestre", continuou.

Tacitus, do Fluxo, depois da eliminação no StarLadder Budapest Major

E, já de olho na próxima temporada, Tacitus mira os primeiros ajustes. Além do map pool, quer um time mais balanceado.

"(Temos que) Buscar mais balanço. Trouxemos dois jogadores que trouxeram muita experiência para o nosso time, mas, em nenhum momento do semestre, fomos um time balanceado. Ainda tentamos encontrar as características individuais de cada um para termos uma melhor coesão coletiva. Cada jogador vem de uma escola de CS, então um acredita em uma coisa, outro acredita em outra, e fazer todo mundo comprar a mesma ideia é algo que demanda tempo, que não tivemos muito", afirmou.

"Em julho… nem julho, agosto a dezembro é um recorte muito curto, mas o corte do Major acontece em outubro. Na verdade, da montagem do time até a classificação, você teve 60 dias, o que pesa muito na organização, apesar de ser um primeiro objetivo", continuou o treinador.

Uma vez que você cumpre esse objetivo, você tem mais 50 dias para preparar o time, passar por readaptações; tem muitos campeonatos acontecendo nesse meio tempo. Tempo é o que utilizaremos a nosso favor agora, para reavaliar o semestre como um todo e ver como começaremos no ano que vem", completou.

E, depois das férias, o time já deve se reunir para evitar os erros de 2025.

"Talvez um erro de planejamento foi não ter feito um bootcamp no começo desse time. É muito provável que, ano que vem, o nosso primeiro encontro já seja presencial, em São Paulo ou na Europa, buscando realmente dar esse corpo para o time no começo. E vamos ver até onde isso nos beneficiará. Tivemos um começo de semestre meio devagar e não queremos repetir isso", finalizou.

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