Mari, a nova geração do CS feminino

Mari: "Sou a prova viva que você pode chegar onde sonha"

Jogadora falou sobre rápida evolução e campanha da equipe em Dallas

Com a velha guarda ou migrando para o VALORANT, ou decidindo por se aposentar, o cenário brasileiro feminino de Counter-Strike: Global Offensive vai assistindo novos nomes surgindo e se tornando peças importantes. É o caso de Mariana "Mari" Prestes, que, com apenas um ano de profissional, já conseguiu realizar um dos próprios sonhos e levar o Brasil a uma final de campeonato mundial.

Em entrevista à Dust2 Brasil, a integrante da FURIA falou não só sobre a campanha da equipe nas finais da ESL Impact Season 1, mas como a própria carreira decolou de forma exponencial ao passar de promessa quando defendia o Cruzeiro a uma realidade já vestindo a camisa alvinegra.

Sincera, Mari disse que "não estava preparada" para essa evolução tão rápida pela qual passou nos últimos 12 meses. "Vai fazer um ano que eu assinei meu primeiro contrato profissional. Um ano depois eu estou na FURIA. Foi muito difícil para mim aceitar tudo isso. Por mais que seja uma coisa incrível, chegar em final de torneio, disputar campeonato internacional, jogar com as meninas que eu sempre fui fã, foi uma coisa muito difícil para eu digerir como profissional".

Segundo a profissional, o que a ajudou a se manter nos trilhos foi o acompanhamento psicológico pelo o qual passou: "Eu fui aceitando tudo no meu tempo. Não fui pulando etapa. Fui bem tranquila, me soltando aos poucos e hoje já me sinto totalmente parte do time. Então, isso que faz com que eu me sinta totalmente confortável. Consiga jogar meu jogo. Tudo teve seu tempo".

Realizando o primeiro grande sonho

"Todo mundo sabe que sempre foi meu sonho jogar (na FURIA). Sonho mesmo. Tudo o que eu fazia era para um dia estar na FURIA. Treinava todo dia para estar aqui".

Após todo o estresse pelo o qual passou até, realmente, se tornar uma integrante da FURIA, Mari afirmou que a sensação é de "dever cumprido. Foi uma coisa incrível que eu senti. Eu falei 'caramba, eu realmente consegui realizar meu maior sonho".

Mostrando-se uma atleta madura apesar da idade, Mari apontou saber da pressão pela qual iria passar ao defender a FURIA tendo em vista o sucesso obtido pela tag desde que passou a figurar no cenário feminino brasileiro.

"Eu nunca fui uma jogadora que chegou em final de campeonato. Nunca tinha ganho um campeonato. Logo que eu entrei, eu soube desde o início que eu teria que passar por isso porque é a FURIA. É sempre aquele time que está na final, que sempre ganha. Eu sabia que teria que passar por isso", revelou.

E mais uma vez, segundo a jogadora, o acompanhamento psicológico a ajudou: "Isso foi uma coisa que eu tenho certeza que me ajudou a me tornar a profissional que eu sou hoje. Eu me abri com ela para conversar, respeitar meu tempo de adaptação. Eu sabia que não seria da hora para outra, que eu ia atingir o nível que estou hoje. Eu senti a confiança das meninas em mim, senti minha própria evolução e tudo isso culminou para que eu, hoje, esteja totalmente confortável e conseguir jogar meu jogo 100%".

De fã para ídolo

Se há dois anos Mari assistia, sonhando, não só jogar ao lado de grandes nomes como as próprias companheiras de FURIA, mas também repetir os feitos por elas já realizados, hoje a jovem de 18 anos passa a servir de inspiração para outras mulheres ingressarem no competitivo da mesma forma que Karina "kaah" Takahashi, Gabriela "GaBi" Maldonado, Olga "olga" Rodrigues e Izabella "izaa" Galle serviram para ela.

"Eu não consigo nem pensar nisso direito porque foi uma das coisas que demorei muito tempo para conseguir absorver. Esse negócio de eu ser muito fã das meninas e hoje eu jogo com elas. Elas são as minhas companheiras de equipe, são minhas amigas. Essa foi a coisa mais difícil de aborver nesses quase cinco meses de FURIA. Mas eu nunca pensei que poderia ter alguém que se inspire em mim".

Ao se ligar que já se tornou uma ídolo para outras jogadoras de Counter-Strike, Mari disse que "é muito louco isso". Mas, com os pés no chão e até inspirando outras atletas a mergulharem no competitivo, a integrante da FURIA afirmou que "eu vim de onde as meninas que me acompanham também vieram. Eu sou a prova viva de que você pode chegar onde você sonha porque há dois eu estava sentada no meu PC vendo as meninas (da FURIA) jogarem, ganhando os campeonatos e falando que um dia seria eu, e realmente está sendo".

Impact League foi o primeiro presencial de Mari (HLTV)

A primeira LAN

A Impact League foi a primeira competição de Mari na LAN e, logo na estreia, a jogadora e as companheiras quebraram um tabu que já durava 17 anos, o de uma equipe feminina do Brasil disputar a final de um mundial.

Por mais que a expectativa de parte da comunidade era a FURIA brigando por título, devido o domínio na equipe em solo nacional, ainda haviam céticos quanto a possibilidade de a equipe ir bem.

Mari sabe disso e afirmou que a equipe deixou os Estados Unidos com a sensação de que "a gente pode ganhar um dia". Segundo a jogadora, esse foi um assunto nas conversas entre as próprias jogadoras, que chegaram a conclusão de que não precisam mais provar nada a ninguém.

Na opinião da jogadora, não só o sucesso da FURIA, mas também o do campeonato em si quanto à visualização servirá de inspiração para novas mulheres ingressarem no competitivo: "Com certeza atrais mais pessoas, um novo público. A gente provou que é difícil chegar lá, mas que se você tiver dedicação, se você for resiliente, você consegue".

"Eu realmente espero que as mulheres tenhamn esse sonho, igual o nosso, que o 'foguinho' do CS:GO tenha acendido nelas de novo ou das pessoas que já migraram, que tenham vontade de voltar. Eu tenho certeza que, se a gente jogar junot, se a gente conseguir unir o cenário, conseguimos chegar muito longe".

Quanto a derrota sofrida para a Nigma Galaxy que tirou o título da equipe, Mari disse que as adversárias europeias tinham "uma reação de jogo muito rápida. Não é uma reação que a gente esta acostumada no Brasil. Acontece uma coisa e elas 'insta' têm uma reação para isso. Às vezes a gente era punida nisso".

Mari completou que o maior aprendizado obtido pela FURIA na Impact League é que "existem meninas que são muito boas também, que existem pessoas que estão no mesmo nível da gente. Não sabíamos do nosso nível lá fora, mas agora a gente sabe. Agora a gente sabe que existem times que também são muito bons".

Já falando sobre o próximo desafio internacional da equipe, que será a ESL Impact Valencia 2022, Mari afirmou que acredita que o torneio será tão acirrado quanto o disputado nos EUA: "A gente, CLG, Nigma e BIG são, pra mim, os quatro times que estão no topo. Acho que vai ser a mesma coisa".

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