
"Acreditamos por muito tempo e fomos recompensados agora": dumau e latto falam sobre parceria
Gabriel "FalleN" Toledo e Fernando "fer" Alvarenga, Christopher "GeT_RiGhT" Alesund e Patrik "f0rest" Lindberg, Oleksandr "s1mple" Kostyliev e Denis "electronic" Sharipov… a história do Counter-Strike é lotada de grandes duplas, mas a do momento é bem jovem e ainda tem muito a conquistar: Eduardo "dumau" Wolkmer e Bruno "latto" Rebelatto, da Legacy.
Apesar da pouca idade, a dupla está longe de ser uma novidade. Os dois estão juntos desde 2021, quando foram contratados pela GODSENT. De lá para cá foram diversas organizações e companheiros diferentes, mas sempre com a mesma base, formada pelo treinador Olavo "cky" Napoleão e por Ricardo "dead" Sinigaglia, hoje CEO.
E, depois de tanto tempo, o time levantou seu primeiro troféu internacional na semana passada, ao vencer o CS Asia Championship em Xangai, na China. Uma sensação nova.
"É um sentimento diferente porque foi o nosso primeiro título. Ter isso na nossa carreira, almejar uma coisa dessas é o que todo jogador quer e gosta. É aproveitar o momento e tentar sempre mais", disse latto em entrevista à Dust2 Brasil durante o media day do PGL Masters Bucharest.
"Queremos aproveitar o momento. Ganhamos, mas estamos aqui agora, em outro campeonato, que começa do zero, jogo a jogo, e é assim que conseguiremos chegar lá novamente. É bom ter essa sensação, a experiência, e, se focarmos no passo a passo, dá para chegar lá e para ganhar", afirmou dumau.
O título foi amplamente comemorado, mas houve aqueles que acharam que a declaração de latto em entrevista à HLTV sobre conquistar um troféu com time brasileiro foi uma cutucada na FURIA, que também levantou taças recentemente. O jogador explicou.
"Minha fala foi sem farpa alguma", disse.
"A galera da FURIA... todos são brasileiros. Eles trazem títulos para o Brasil há muitos anos, é incrível. A minha fala era sobre ter outros times brasileiros disputando e podendo ganhar também. Isso é muito bom e mostra que nosso cenário ainda tem muitos jogadores, muitos talentos", continuou.
"Independentemente da nacionalidade, todos ali são brasileiros, todos torcem para eles como se fossem brasileiros", completou o jogador.
Voltando ao feito, a dupla refletiu sobre a importância de alcançar a primeira taça juntos. No período, não houve quem não contestasse as decisões de, mesmo badalados e cheios de propostas, que os jogadores saíssem dos projetos liderados por dead e cky e partissem para novos horizontes.
"Depois de um tempo que você não ganha, que não vê os resultados vindo, ficamos 'nossa, será que dá?'. Você duvida, todo mundo duvida. Mas focamos no passo a passo, no dia a dia, e acabamos esquecendo disso. E, do nada, boom, chegou o momento e abraçamos e aproveitamos, fomos lá e ganhamos. Isso tira um peso das costas, porque todos, nós e quem assiste, têm uma expectativa", disse dumau.
"Só mostra que estamos no caminho certo. Não é do dia para a noite que vamos conseguir alguma coisa, é muito difícil. Nós batalhamos para caramba, começamos lá em 2021 juntos e estamos aí até hoje. Isso mostra a nossa persistência. Acreditamos por muito tempo e fomos recompensados agora. É focar e ir para frente cada vez mais", completou latto.
O tópico da permanência na GODSENT-00NATION-Legacy permaneceu.
"Eu sempre fui muito tranquilo quanto a isso", disse latto.
"É claro que, quando você está num momento muito ruim, é difícil ser positivo o tempo todo. Às vezes você terá uma recaída e vai questionar se está certo ou não. Mas sempre tivemos um backup muito bom da organização, da galera por trás, seja por amizade ou por trabalho. Eles conseguiram me manter centrado e acreditando no projeto. Eu acreditei bastante no projeto e para mim foi tranquilo", continuou.
Para dumau, era uma questão patriótica. E de fé.
"Desde que entramos na GODSENT, eu sempre quis ganhar com um time brasileiro e mostrar que dá. Que o Brasil ainda tem um local de fala, tem o poder de ir para fora, sacrificando muita coisa. Para quem está no Brasil também, ter a consciência de que realmente dá, trabalhar duro e acreditar, ter fé em Deus, principalmente, para poder correr atrás dos seus sonhos", explicou dumau.
"Desde a GODSENT eu sempre tive essa fé, de que poderíamos ganhar, ir acreditando, temos esses altos e baixos, como o latto falou, essa coisa do 'será que está certo, será que é 'realmente isso'. Todos pensam isso, só que é através da perseverança que conseguimos atingir nossos objetivos", continuou.
"Por mais que tenham existido outros times brasileiros, eu sempre acreditei no nosso time. Não só no latto, mas em quem estava vindo. Através dessas escolhas eu aprendi muito. Muito tempo passou, foram quatro anos, mas para mim não tem muito isso de certo ou errado, foram as experiências que vieram, o que eu aprendi, que me fizeram chegar até aqui. Provavelmente para o latto é o mesmo. Muitas coisas que ele passou, que aprendeu, ajudaram a estar aqui hoje. É um processo, levou um tempo, mas valeu muito a pena", completou o jogador.
E, pela alta rotatividade de companheiros, mesmo que eles não tenham saído do time, tiveram diferentes oportunidade de aprendizado.
"Dividimos o servidor com muita gente nesses anos, pessoas que já ganharam muitos títulos, com ideias diferentes, e você vai aprendendo e moldando a forma como você pensa. É como se eu tivesse pulado uma etapa por ter jogado com essas pessoas, que me ajudaram desde meu começo pela RED. Todos têm muita influência no jogador que sou hoje", disse latto.
"A experiência de poder, desde a Yeah, ter acesso a outras pessoas, de conversar com o FalleN, com os moleques do MIBR, TACO, fer, kNg. Tendo essa experiência frente a frente, sabendo o que a pessoa pensa, você acaba eliminando algumas dúvidas, usando sua energia em certas ideias, certas coisas do jogo, e isso ajudou muito. TACO, cold, NEKIZ, felps, todos agregaram muito. Um pouco de cada pessoa fica na gente", disse dumau.
"Tenho um exemplo do NEKIZ, que é um cara muito calmo. Ele nunca passou do limite, sempre falava na hora certa. É um exemplo fora de jogo. Aprendemos muito com cold e TACO dentro do jogo, mas o Nekão foi muito bom fora, me fez pensar como falar melhor com as pessoas, ser mais calmo", completou dumau.
Mas, nem só de glórias e amizade vive a dupla. dumau e latto também lembraram dos momentos difíceis.
"O mais baixo acho que foi o RMR da China", disse dumau, para a interrupção de latto.
"Tem alguns baixos. Cada time que jogamos teve baixos. Na GODSENT, quando não nos classificamos para o RMR. Tínhamos uma expectativa muito grande naquele time, então foi meio que um choque para todos. Na 00NATION nós começamos muito bem, nos classificando para Majors, e depois tivemos uma queda ali para o final de 2023. Na Legacy teve o RMR de Xangai, tínhamos treinado muito bem e acabou que não conseguimos nos classificar", ressaltou.
No ponto alto, unanimidade.
"O mais alto é agora. Vivemos um momento muito bom como time, como jogadores, não só por causa do título, mas pelo que estamos conquistando, jogando torneios tier S. Vamos fechar o ano jogando o Major. Jogamos muitos campeonatos para mostrar como nós temos potencial e acredito que esse é o momento mais alto da dupla", cravou latto.
"Eu concordo, é o mais alto", completou dumau.
E, no PGL Masters Bucharest, a Legacy se vê numa situação diferente - pela taça conquistada e principalmente pela ausência dos gigantes, o time está entre os favoritos… ou não.
"Para mim não tem favoritismo, está muito 50/50. O que muda não é a expectativa, é a atitude, os seus pensamentos e como você se impõe no jogo. Às vezes isso pode ser muito momentâneo por causa do 50/50", afirmou dumau.
"Todos os times aqui são muito bons, podem ganhar de todo mundo. Eu não nos vejo com muito favoritismo mesmo tendo ganhado o CAC, porque todos aqui jogaram muito contra, já treinaram muito contra, então todos estão bem nivelados", complementou latto.
Para além de Bucareste, o time está focado em seguir, da sua maneira, a evolução gradual.
"Estamos jogando bem, mas cada campeonato será um desafio diferente, por conta dos outros times nos assistirem, sabermos como reagimos. Temos esse desafio interno de como lidar com isso e nos adaptarmos. Estamos subindo constantemente e talvez cheguemos lá", falou dumau.
"O mais importante é sabermos olhar para frente, para os nossos problemas, e usarmos nossas experiências passadas para lidar com eles, nos mantermos e ir subindo. Não sei se será rápido ou lento, isso só o tempo vai dizer. E não sei se vamos ganhar ou não esse campeonato, então vamos aproveitar, experienciar esse momento, fazendo o nosso melhor, porque podemos subir degrau por degrau", contou dumau.
"Temos de ir degrau por degrau, somos um time muito novo, tanto em idade quanto em tempo de equipe. Temos de ir passo a passo, entramos em todo campeonato para disputar título, mas quanto mais playoffs jogarmos, mais ganhamos casca em palco. Temos de ir passo a passo, os grandes não estavam nos campeonatos que estávamos, então almejamos estar ao lado deles. Temos que disputar mais vezes contra eles para colocar isso à prova", continuou latto.
"Degrau a degrau. Vai ser legal", finalizou dumau.
Leia também




























